Após 17 horas de reunião, os ministros das Finanças da União Europeia aceitaram oferecer um terceiro pacote de resgate à Grécia, que pode chegar a R$ 302 bilhões, sendo R$ 35 bilhões emergencialmente. Em troca, o primeiro-ministro Alexis Tsipras terá que estruturar um pacote considerado “mais duro”, que prevê, entre outras coisas, a criação de um fundo para a venda de ativos públicos, uma reforma no sistema de pensões e endurecimento nas leis de trabalho.
Segundo o jornal espanhol El País, o texto do acordo constata a “necessidade crucial de reconstruir a confiança com as autoridades gregas” como requisito para qualquer resgate e afirma, entre outras obrigações “duras”, que a Grécia consulte previamente as instituições europeias para qualquer lei que Atenas quiser aprovar “em áreas relevantes”.
O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, negou ter havido – na reunião de líderes europeus – uma “vingança” contra a Grécia por ter convocado um referendo sobre a situação da dívida do país com credores internacionais. Ele pediu a todos os países da União Europeia que certifiquem o acordo que será feito com o governo grego. O presidente da França, François Hollande, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, felicitaram o acordo, principalmente porque ele mantém a Grécia na zona do euro.
A reunião, iniciada domingo à tarde, terminou na manhã desta segunda, com um acordo de princípio em torno de um terceiro resgate à Grécia para três anos, com uma série de condições que as autoridades gregas devem começar a legislar e implementar de imediato. Em declarações aos jornalistas, Mariano Rajoy considerou que o acordo foi “uma boa decisão porque a Grécia pode permanecer no euro”.
Questionado sobre se existiu um “toque de vingança” por parte das instituições e dos restantes credores por causa do referendo, Rajoy contestou: “Em absoluto. As medidas apresentadas são razoáveis e foram aprovadas por todos os países do euro, incluindo a Grécia”. Na sua opinião, se a Grécia cumprir terá um programa que “trará dinheiro e que será muito útil para uma melhoria de vida dos cidadãos”.
“Agora, o importante é que todos cumpram os seus compromissos. Nós vamos cumprir e esperamos também que o Parlamento grego o faça. Trata-se de ser sério, fazer bem as coisas e cumprir os compromissos, porque isso vai trazer resultados”, assinalou. “As negociações foram como tinham de ser, defendendo cada um as suas posições e acredito que, no final, se chegou a uma situação equilibrada”, salientou.
Nesta segunda-feira, os ministros das Finanças da zona do euro voltam a se reunir em Bruxelas, na Bélgica, para debater o financiamento à Grécia e a eleição do novo presidente para o Eurogrupo. O financiamento é um empréstimo que servirá para evitar que a Grécia falhe os próximos pagamentos – 3,5 milhões de euros que o país tem de pagar ao Banco Central Europeu no próximo dia 20 –, evitando uma inadimplência, enquanto não é aprovado o terceiro resgate ao país.
O fórum, que reúne os ministros das Finanças dos 19 países da moeda única, vai também eleger um novo presidente. Na corrida ao cargo, estão o atual presidente do Eurogrupo e ministro das Finanças holandês, Jeoren Dijsselbloem, e o titular espanhol da pasta, Luis de Guindos. Dijsselbloem foi eleito em janeiro de 2013 para um mandato de 2,5 anos e pertence ao Partido Socialista Europeu, enquanto Guindos integra o Partido Popular Europeu (PPE).
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