Muito mais do que um pedaço de pano

A camisa da seleção brasileira é conhecida e respeitada nos quatro cantos do planeta. O mundo inteiro idolatra a seleção canarinho. A curiosidade é que, antes dos anos 1950, éramos no máximo a seleção “pombinho”. Sim, nossas camisas amarelas são recentes. Até a Copa de 1950, o Brasil jogava quase que inteiramente de branco. [nggallery id=14354] A primeira partida oficial da seleção aconteceu em 1914 e o uniforme brasileiro era totalmente branco, com alguns detalhes em azul nas mangas e meias pretas. Como segundo uniforme, o Brasil chegou até a jogar com um inexplicável uniforme vermelho, no Campeonato Sul-Americano de 1917.A partir de 1920, o Brasil começou e ter seu uniforme fixo, com poucas mudanças. A camisa era branca com alguns detalhes em azul. Azul também era a cor dos calções, mas os meiões eram negros. Foi assim que o Brasil disputou as três primeiras Copas do Mundo, em 1930, 1934 e 1938.A Segunda Guerra Mundial começou, a Copa do Mundo parou e só foi voltar em 1950, no Brasil. Quem voltou também foi o uniforme totalmente branco, com meias, calções e camisa da mesma cor. Com a trágica derrota para o Uruguai na final, o uniforme branco foi abandonado de uma vez por todas, com fama de azarado, pé-frio.Mas, como escolher o novo uniforme? A CBF, na época CBD, promoveu, no jornal Correio da Manhã, um concurso aberto para o público com o objetivo de escolher o novo manto de uma seleção, até então sem identidade. A única regra do concurso era a de que o uniforme teria de conter as cores da bandeira brasileira (azul, amarelo, verde e branco).O gaúcho Aldyr Schlee, que tinha 19 anos na época, foi o vencedor. O belo uniforme tinha o calção azul, a camisa amarela com detalhes em verde e o escudo da CBD no peito. Finalmente, o manto da seleção tinha a cara do Brasil. Nascia a seleção canarinho. A curiosidade é que Schlee, criador da camisa, nasceu a menos de 1 km da fronteira com o Uruguai e sempre torceu pela Celeste Olímpica.Logo na segunda Copa do Mundo da canarinho, em 1958, veio o primeiro título, na Suécia. Infelizmente na final, o Brasil jogou de azul e branco (o “manto de Nossa Senhora Aparecida”, nas palavras de Paulo Machado de Carvalho), já que os donos da casa e também finalistas usavam as mesmas cores no uniforme. Na Copa seguinte, no Chile em 1962, o Brasil repetiu a dose do verde e amarelo e levantou o caneco. Oito anos depois, em 1970, a camisa sem gola ganhou mais um título, no México. Depois do tri, a camisa amarelinha alcançou um patamar simbólico e virou uma espécie de amuleto.Nos anos seguintes, a camisa brasileira pouco mudou. As pequenas novidades se davam por conta da mudança do fornecedor de material esportivo, que confecciona o uniforme. Em 1994, ano do quarto título brasileiro, o peito liso agora estampava três escudos da CBF, uma espécie de marca d’água, em alusão aos três títulos mundiais. Em 1998, a Nike, que está até hoje com a seleção, estampou sua marca pela primeira vez em uma Copa na amarelinha. A empresa tirou os escudos da CBF, fez uma camisa mais limpa, com gola olímpica e alguns detalhes em verde nas mangas.Na Copa do Mundo de 2002, a Nike resolveu padronizar as camisas das seleções que patrocinava, deixando todas com as mesmas linhas, somente com as cores diferentes. A ideia foi muito mal recebida pela maioria dos países patrocinados pela marca. Como o Brasil poderia usar uma camisa igual a da Coreia do Sul por exemplo!? Pelo menos, levantamos nosso quinto e último título até agora, mesmo com um manto feio.Depois da tentativa mal-sucedida, a empresa de materiais esportivos resolveu retornar às origens e idealizou um modelo para cada seleção que patrocinava. Na Copa de 2006, a Nike fez camisas personalizadas para cada país. O Brasil teve um uniforme limpo, com calção e meias azuis. Simples e poderoso.Para a Copa da África do Sul, o uniforme teve poucas mudanças. Nas mangas, há listras verdes que saem da gola olímpica. Aldyr Schlee, o criador da canarinho, aprovou o modelo para 2010, pois na sua opinião remete às raízes de sua criação. Mas, segundo Schlee, a camisa dois do Brasil para o mundial africano é totalmente ridícula. O problema não é dele, já que o brasileiro de nascença e uruguaio de coração estará usando a azul celeste durante o torneio. (Leia entrevista com o criador da camisa canarinho, no iG).

MAIS:
– Veja o nosso infográfico sobre os estádios da Copa
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– Página especial da Copa do Mundo de 2010 no iG
Site oficial da Copa do Mundo de 2010


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