Tererê, tererê, tererê, tererêTererê homem golJorge Ben foi muito feliz na letra de Umbabarauma, o ponta de lança africano. Definiu com perfeição o ofício do centroavante, do homem gol, do camisa 9. A camisa 9. Como ela tem peso quando se trata de seleção brasileira! Reinaldo, Serginho Chulapa, Careca, Ronaldo. Todos esses artilheiros foram responsáveis por vestir a pesada camisa da seleção em Copas do Mundo. Alguns venceram, outros, não.A camisa 10, mitificada depois que o Rei Pelé a vestiu, é complicada de se definir em palavras. É um misto de arte e encanto e tem um misticismo capaz até de mudar o rumo da carreira de determinado jogador. Já a 9 é muito mais fácil de explicar: significa gol! Homem gol. [nggallery id=14377] O primeiro camisa 9 da história do Brasil em Copas do Mundo foi Baltazar, no ano de 1954. Antes da Copa da Suíça, as camisas das seleções não levavam números. O “cabecinha de ouro”, como ficou conhecido por seus vários gols de cabeça, é, até hoje, o segundo maior artilheiro da história do Corinthians, com 267 tentos anotados.A partir de 1978, o Brasil começou a fazer questão de dar o poderoso número nas mãos do matador. Reinaldo, artilheiro do Campeonato Brasileiro no ano anterior, não correspondeu da maneira esperada na Copa da Argentina e marcou apenas um gol. Em 1982, o recordista de gols no Brasileirão foi Serginho Chulapa. Assim, ele teve a honra de vestir a 9 no timaço de Telê Santana, que conquistou o mundo, não ganhou, mas encantou. Chulapa anotou apenas dois gols e foi muito criticado por destoar do resto da equipe, muito técnica.Aliás, o nome que muitos dizem que mudaria a história do mundial na Espanha, mas não pôde ir por estar contundido, foi o camisa 9 brasileiro nos dois torneios seguintes. Nas Copas de 1986 e 1990, a camisa e a responsabilidade dos gols ficaram com Careca que, em números, não decepcionou. Foram seis gols em nove jogos nos dois mundiais. Mas, foi mais um que ficou sem o título.Em 1994, tivemos um jogador hoje considerado por muitos o melhor camisa 9 de todos os tempos. O único porém é que ele jogava com a 11. Romário era o nome dele e anotou cinco gols no mundial dos EUA. O Baixinho sempre gostou do 11 nas costas, mas dominou com primor o que a camisa 9 representa: fazer gols. Ironicamente, naquele ano, quem usava o número 9 era Zinho, que combinava muito mais com o 11 de Romário. Para o Rei da grande área, a gente abre uma exceção, pois ele é 9 até com a camisa número 1!Outro que estava no grupo campeão da Copa do Mundo de 1994, com apenas 17 anos, sorriso metálico e a camisa de número 20 nas costas era um garoto chamado Ronaldo. Nas três Copas seguintes, em 1998, 2002 e 2006, Ronaldo passou de garoto para Fenômeno e se tornou o maior goleador da história das Copas do Mundo, com 15 gols no total. Não precisa falar mais nada.Depois do vexame da Copa de 2006, Dunga assumiu o comando da seleção e teve certo trabalho para encontrar seu homem gol. A primeira escolha foi Fred, que assistiu a tragédia brasileira na Alemanha do banco de reservas (marcou um golzinho, contra a Austrália, na primeira fase). Mas não demorou muito para uma de suas muitas lesões o afastarem do time e Dunga se viu obrigado a apostar em outro atacante. O eleito da vez foi Vagner Love, que nunca aproveitou as inúmeras chances que lhe foram dadas.Em um dos momentos críticos de Dunga frente à seleção brasileira, o treinador resolveu apostar novamente em Luis Fabiano. O atacante já tinha desperdiçado a chance de se firmar na seleção em 2004, quando Parreira convocou uma equipe B para a disputa da Copa América. Titular da equipe, Luis Fabiano foi mal e assistiu a ascensão de Adriano no torneio. O atual centroavante do Flamengo tomou definitivamente o espaço de Luis Fabiano na Copa das Confederações, em 2005, e acabou sendo o parceiro de Ronaldo em 2006.Mas, Luis Fabiano deu a volta por cima. Esperou, voltou a jogar um bom futebol no Sevilha, da Espanha, e, principalmente, voltou a marcar gols. No processo de renovação de Dunga, com a vaga da camisa 9 aberta, o centroavante foi chamado para dois jogos das eliminatórias da Copa, em novembro de 2007. No primeiro, Luis Fabiano entrou no lugar de Vagner Love no final do jogo, o empate contra o Peru (1 a 1), em Lima.No segundo, Dunga apostou no até então reserva de Love. E não havia melhor ocasião. O jogo era no estádio do Morumbi, onde Luis Fabiano se sente em casa. Ele tem a segunda melhor média de gols da história do São Paulo, clube onde foi e é ídolo. Perdendo por 1 a 0 do Uruguai, com o time sob vaias das arquibancadas, o Fabuloso resolveu brilhar. Marcou os dois gols da virada, livrou a cabeça do treinador e, de quebra, ganhou sua incondicional confiança.Depois, Luis Fabiano foi se superando e hoje desponta como uma das poucas unanimidades da seleção brasileira. Em 36 jogos, ele tem 25 gols com a amarelinha. Na Era Dunga, foram incríveis 19 gols em 24 jogos, ou seja, o artilheiro absoluto com o treinador no comando. Ninguém mais duvida da capacidade do jogador, que já é o 16º maior artilheiro da história da seleção. Nem o Fabuloso duvida. Deixou para trás o futebol de altos e baixos, a fama de bad boy que sempre impediu sua carreira de progredir e agora será o Umbabarauma brasileiro na África do Sul. Boa sorte, garoto!
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