Turista da delegação

Na quinta-feira (15), o jornal O Estado de S. Paulo revelou que o chefe da delegação brasileira na Copa do Mundo de 2010 será o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez. O mandatário maior do clube de Parque São Jorge vai representar o Brasil na África do Sul, em reuniões oficiais da Fifa e do Comitê Organizador da Copa. [nggallery id=14343] Sanchez é o 18º da lista de chefes de delegação brasileira nos mundiais. Com raras exceções, o cargo sempre foi usado de forma política. O primeiro exemplo é Lourival Fortes, jornalista e ministro da propaganda do governo de Getúlio Vargas, chefe da delegação brasileira na Copa de 1934, na Itália. Quatro anos antes, no primeiro mundial, a história foi diferente, já que o Brasil foi representado pelo então ex-atleta Afrânio Antônio da Costa, ganhador da primeira medalha brasileira em Olimpíadas, nos Jogos da Antuérpia, em 1920.Em 1966, o então presidente da extinta CBD (Confederação Brasileira de Desportos), João Havelange, chefiou a delegação brasileira em uma das piores participações do País em Copas do Mundo. A campanha do Brasil na Inglaterra foi marcada pela desorganização antes e durante o mundial.Convocação de 45 jogadores, preparação em cinco cidades diferentes, presença de atletas veteranos, entre outros problemas, atrapalharam a seleção, eliminada na primeira fase, depois de vitória contra a Bulgária (1 a 0) e derrotas para Hungria e Portugal (ambas por 3 a 1). Muitos dizem que João Havelange, mais preocupado em fazer campanha para assumir a Fifa (o que aconteceu em 1974), não teve pulso firme e se perdeu no comando da delegação brasileira.Nas duas Copas anteriores, nas quais o Brasil conquistou os dois primeiros títulos mundiais, o chefe da delegação foi, talvez, o único que tenha honrado o cargo. Paulo Machado de Carvalho, o Marechal da Vitória, como ficou conhecido, foi responsável, junto com Ary Silva, Flávio Iazzetti e Paulo Planet Buarque, do grande plano para a seleção brasileira voltar da Suécia com a taça do mundo.Convidado por Havelange, presidente da CBD, ele teve carta branca para organizar o planejamento do time para o mundial. O Plano Paulo Machado de Carvalho consistiu em algumas regras simples a serem cumpridas por toda a delegação brasileira na Suécia, com um único objetivo: o título. Centralizador, metódico, bonachão, paternal, Paulo Machado foi um paizão na Copa de 1958.A passagem mais marcante do chefe da delegação foi antes da decisão contra os donos da casa. O Brasil teria de jogar de azul, porque a Suécia vestiria o uniforme amarelo. Para acalmar os supersticiosos jogadores, Paulo Machado disse que o Brasil jogaria com a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do País. Um discurso que atingiu o ânimo do time e fez a seleção conquistar o primeiro título. No Chile, quatro anos depois, com o voto de confiança e respeito dos jogadores, Paulo Machado voltou a comandar a delegação e trouxe mais uma taça ao País.Na era Ricardo Teixeira, a partir de 1989, ano em que ele assumiu a presidência da CBF, o cargo foi preenchido, invariavelmente, para fins políticos e quem o ocupou não teve grande participação no mundial. No último mundial, por exemplo, Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), foi o chefe da delegação e não viu o que até o próprio Teixeira viu: a farra dos jogadores na balada antes e durante a Copa da Alemanha. Certamente, Del Nero estava a passeio em terras germânicas. Provavelmente, Andrés Sanchez fará o mesmo. Saudades de Paulo Machado…Os chefes de delegações do Brasil nas Copas do Mundo:1930 (Uruguai) – Afrânio Antônio da Costa, ex-atleta olímpico.1934 (Itália) – Lourival Fortes, jornalista e ministro da propaganda do Governo de Getúlio Vargas.1938 (França) – José Maria Castelo Branco.1950 (Brasil) – Mario Pollo, presidente do Fluminense nos anos 1940 e vice-presidente da CBD.1954 (Suíça) – João Lyra Filho.1958 (Suécia)/1962 (Chile) – Paulo Machado de Carvalho.1966 (Inglaterra) – João Havelange, presidente da CBD.1970 (México) – Jerônimo Bastos.1974 (Alemanha) – Antônio do Passo, diretor de futebol da CBD na década de 1970.1978 (Argentina) – André Gustavo Richer, ex-atleta olímpico.1982 (Espanha) – Giulite Coutinho, presidente da CBF de 1980 a 1986.1986 (México) – José Maria Marin, presidente da FPF entre 1982 e 1988.1990 (Itália) – Olavo Monteiro de Carvalho, dirigente vascaíno.1994 (EUA)- Mustafá Contursi, presidente do Palmeiras entre 1993 e 2005.1998 (França) – Fábio Koff, presidente do Grêmio em 1983 e entre 1993 e 1996.2002 (Coreia do Sul/Japão) – Weber Magalhães, vice-presidente da CBF no início da década.2006 (Alemanha) – Marco Polo Del Nero, atual presidente da Federação Paulista de Futebol.2010 (África do Sul) – Andrés Sanchez, presidente do Corinthians

MAIS:
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– Página especial da Copa do Mundo de 2010 no iG
Site oficial da Copa do Mundo de 2010


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