Dirigentes teriam usado paraísos fiscais para distribuir propina

Foto: Divulgação/CBF TV
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De acordo com documentos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, cartolas da Confederação Brasileira de Futebol teriam utilizado contas em paraísos fiscais para distribuir propinas de acordos comerciais. Os papéis explicitam como, supostamente, empresas no exterior eram propostas como forma de fechar acordos e, paralelamente, garantir um canal de pagamento de suborno.

Uma destas empresas é a International Sports Events (ISE), um grupo de fachada criado por investidores árabes de outra empresa, DAG, nas Ilhas Cayman e que conta apenas com uma caixa postal. Os contratos para realização dos amistosos da seleção brasileira até 2022 foram comercializados com a ISE e a CBF, em nota, afirmou que não tinha o poder de definir onde sua parceira deve ter sua sede.

Segundo um informe da consultoria KPMG, a International Sports Events ainda teria sido responsável por pagamentos de propinas a Mohamed Bin Hammam, ex-vice-presidente da Fifa, conhecido por tentar derrubar Blatter do poder da entidade. Bin Hammam também era aliado de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF.

Um dos contratos obtidos pelo jornal mostra o como partes da renda dos amistosos eram supostamente deviadas. A ISE selou um acordo para negociar 24 amistosos com a empresa Uptrend Development LLC, com sede em Nova Jersey, nos EUA. Como responsável pela empresa nos Estados Unidos está Alexandre R. Feliu, nome verdadeiro de Sandro Rosell Feliu, ex-presidente do Barcelona, antigo representante da Nike no Brasil e indiciado por crimes fiscais na Espanha, inclusive relacionados com a venda do jogador brasileiro Neymar ao principal clube catalão.

Em cada jogo eram repassados para a International Sports Events cerca de R$ 5 milhões. Deste total, R$ 3,5 milhões seguiam para a CBF como pagamento pelo cachê. Contudo, o resto do dinheiro não era contabilizado pela entidade e os contratos mostram que R$ 1,4 milhão seria encaminhado para contas nos Estados Unidos em uma empresa de Rosell, aliado de Ricardo Teixeira em diversos projetos comerciais.

Esta empresa possui um contrato que garantia 8,3 milhões de euros (cerca de R$ 33 milhões) em 24 amistosos da seleção. Dividindo ao valor por jogo, chega-se ao número de R$ 1,4 milhão por cada partida. A empresa de material esportivo Nike e o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, também estão sendo investigados pelo Departamento de Justiça dos EUA, o qual aponta para um pagamento em uma conta na Suíça de US$ 40 milhões (cerca de R$ 127 milhões).


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