O presidente da Fifa, Joseph Blatter, anunciou no início da tarde desta terça-feira (2) que não vai continuar no cargo. Em uma entrevista coletiva convocada de forma repentina na sede da entidade, em Zurique, Sepp disse que “os interesses da Fifa são importantes” para ele, assim como o “bem do futebol pelo mundo”. O anúncio acontece seis dias depois que a FBI e a polícia suíça prenderam seis dirigentes de federações latino-americanas e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos iniciou investigações contra outros mandatários.
“Eu tenho pensado de forma cuidadosa sobre os 40 anos que a Fifa esteve em minha vida. Eu amo a Fifa mais do que qualquer outra coisa e só quero fazer o melhor. Decidi disputar a eleição para o bem do futebol, mas o meu mandato não parece ser apoiado por todos”, disse. “Por isso, vou convocar uma reunião extraordinária para escolher um substituto para mim. Não vou continuar como presidente. Vou ficar em uma posição de concentração em reformas profundas, apesar de termos tomado iniciativas constantes de reformas. Elas não foram suficientes”, completou.
Após a coletiva de imprensa de Blatter, o presidente do Comitê de Auditoria da Fifa, o italiano Domênico Scala, afirmou que a eleição de um novo presidente deve acontecer entre dezembro de 2015 e março de 2016. Enquanto isso, ele ficará no cargo. “A Fifa está determinada a resolver os problemas que a afligem. Nós vamos mudar a maneira como as pessoas olham para a Fifa. Ela não deve ser uma entidade usada para enriquecer ninguém”, completou.
Na quinta-feira passada, 24 horas após a prisão dos dirigentes, o presidente da Uefa, Michel Platini, chegou a sugerir que Blatter renunciasse, mas o próprio Sepp rebateu: “Se fizesse isso estaria reconhecendo que fiz algo de errado. E nos últimos três ou quatro anos o que fiz foi lutar contra a corrupção, lutar contra tudo que é ilegal”, argumentou no dia.
Ao jornal inglês The Guardian, o presidente da Federação Inglesa de Futebol, Greg Dyke, chegou a levantar a hipótese de algo mais grave ser encontrado nos próximos dias. “Alguma coisa houve para o senhor Blatter se demitir. Agora que ele se foi, podemos arrumar algo na Fifa. Podemos voltar a olhar essas duas próximas Copas do Mundo. Se eu fosse o Catar não estaria me sentindo muito confortável”, afirmou, se referindo ao processo de escolha do Mundial de 2022, no Oriente Médio.
Na segunda-feira (1), o ex-vice-presidente da entidade, Jack Warner, de Trinidad e Tobago, um dos investigados pela ação da Justiça norte-americana, também se mostrou crítico a Blatter, mesmo sendo parte de sua diretoria até a semana passada. “Por que não há investigações na Ásia, ou na Europa? Por que não há investigações sobre Joseph Blatter? Nenhuma outra pessoa causou tanta vergonha e desgraça à Fifa”, disse à revista alemã Stern.
Joseph Blatter, 79 anos, era presidente da Fifa desde junho de 1998, quando substituiu o brasileiro João Havelange. Suíço de uma cidade ao sul do país chamada Visp, no cantão de Valais, entrou na Fifa em 1975 como executivo de relações públicas, 16 anos depois de ter se formado em Economia na Universidade de Lausanne. Em 1981 se tornou secretário-geral da entidade. Após sua escolha para a presidência, em 1998, ele foi reeleito em 2002, 2007 e 2011. Na semana passada, tinha sido reeleito com 173 votos para o quinto mandato. Entre os seus defensores, o principal argumento era a sua predileção por países de terceiro mundo na organização dos Mundiais. Depois da Copa da Alemanha, em 2006, a Fifa trabalhou em torneios na África do Sul, em 2010, no Brasil, no ano passado, e na Rússia, em 2018.
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