As federações que quiserem indicar nomes para concorrer às eleições da Fifa têm até esta quinta-feira (29) para enviar os documentos oficiais a Zurique, na Suíça, onde fica a sede da entidade. De acordo com o regulamento, a data é fixada exatos quatro meses antes do pleito – 29 de maio – para dar tempo das chapas se organizarem em torno das ideias que pretendem debater até o dia da decisão. Na Europa, a imprensa destaca desde a semana passada que esta pode ser a eleição mais concorrida da história da Fifa, com seis pessoas disputando o cargo, contando com o atual dirigente, Joseph Blatter.
O último a confirmar a intenção de ser presidente da organização foi o ex-jogador português Luís Figo, de 42 anos, eleito o melhor jogador do mundo em 2000, que divulgou sua candidatura na terça-feira (27) em entrevista ao canal norte-americano CNN. Segundo o jornal português Público, Figo já estava preparando a sua chapa desde o ano passado e conseguiu angariar o apoio de quatro federações, entre elas a portuguesa, da qual já mantinha relações próximas. “Eu me preocupo com o futebol e que vejo sobre a imagem da Fifa – não só agora, mas nos últimos anos – não me agrada”, disse ele. “Se procuramos a palavra Fifa na internet a primeira palavra que surge é escândalo e não palavras positivas. É isso que temos que mudar em primeiro lugar e tentar melhorar a imagem da Fifa. O futebol merece muito melhor que isso”, completou.
Nesta quarta-feira (28), o presidente da Federação Holandesa de Futebol, Michael Van Praag, concedeu uma entrevista coletiva em Amsterdã para oficializar a sua candidatura, que já era conhecida desde o início do ano. O dirigente de 67 anos também usou os escândalos recentes da entidade máxima do futebol mundial para argumentar em seu favor na eleição de maio. “A Fifa está indo mal e perdeu toda a credibilidade. Está constantemente sob suspeita de conflitos de interesse, de nepotismo, de corrupção. A Fifa está de costas para o futuro”, disse ele, que também aproveitou para criticar a gestão do atual presidente, Joseph Blatter. “Não tenho nada contra o senhor Blatter e, na verdade, como muito dele como pessoa. Entretanto, alguém que liderou uma organização durante tantos anos, e que se tornou a personificação de sua má imagem, não pode mais ser o rosto de uma operação de modernização para uma nova Fifa. É impossível”, afirmou. Van Praag tem o apoio das federações da Bélgica, Suécia, Escócia, Romênia, Ilhas Faroe e da Holanda, da qual preside.
Além deles, também são candidatos ao cargo o príncipe Ali Bin Al-Hussein, de 39 anos, irmão do rei da Jordânia, vice-presidente da Fifa e presidente da federação de futebol do seu país; o francês Jérôme Champagne, ex-secretário da entidade que chegou a trabalhar com Blatter entre 2002 e 2005 e que já anunciou que estará na corrida desde janeiro do ano passado; e o também francês David Ginola, agente de jogadores e que trabalhou em clubes de futebol da Inglaterra e da França.
Outro holandês, Mino Raiola, empresário de jogadores como o francês Paul Pogba, o sueco Zlatan Ibrahimovic e o italiano Mario Balotelli, anunciou no início da semana a sua saída da disputa, alegando que, com a entrada oficial de Michael Van Praag, o país passa a ter chances reais de tirar Blatter do cargo. A imprensa europeia alegava que a presença dele na disputa era um golpe publicitário.
Blatter favorito
Os candidatos ao cargo máximo da Fifa precisam de, no mínimo, o apoio de cinco das 209 federações afiliadas para oficializarem seus nomes ao pleito. Nas eleições presidenciais, realizadas em dois turnos, os concorrentes precisam dos votos de dois terços destas federações nacionais filiadas na FIFA. Figo já tem o apoio de cinco, mas só divulgou a aliança com a Federação Portuguesa. Van Praag tem o apoio da federação do seu país, da Bélgica, Suécia, Escócia, Roménia e Ilhas Feroé, enquanto o príncipe da Jordânia conta com o apoio da Federação Inglesa. Champagne e Ginola, até o momento, não tem apoios conhecidos.
Segundo a imprensa europeia, Blatter conta com o apoio da maioria das federações africanas (53 votos), pelo menos metade das asiáticas (47), e, provavelmente, a maioria ou a totalidade na América do Sul (10), Ocêania (11) e América do Norte, Central e Caribe (35). “Ninguém é intocável. Quem pensar assim, está errado. Claro que ele [Blatter] está lá desde 1998 e pode ser o favorito para muita gente. Tenho a esperança e a energia e posso dizer que, para mim, é um desafio fantástico tentar convencer as pessoas a seguirem as minhas ideias ”, declarou Figo na entrevista à CNN em que anunciou a candidatura.
Joseph Blatter, de 78 anos, é presidente da Fifa desde 1998, quando derrotou o sueco Lennart Johansson, então presidente da UEFA, em um pleito com 111 votos para Blatter, 80 para Jonahsson. Em 2002, ele bateu o camaronês Issa Hayatou, presidente da Confederação Africana de Futebol, por uma margem ainda maior: 139 a 56. Cinco anos depois, em 2007, Blatter não teve oposição e, em 2011, o qatari Mohamed Bin Hamman, presidente da Confederação Asiática, se retirou da eleição a uma semana da votação.
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