A Vila Madalena é o bairro da Copa do Mundo em São Paulo. Quem não tem ingresso se amontoa na Rua Aspicuelta, na Fidalga, na Morato Coelho, qualquer rua da região vira arquibancada para a torcida, seja dentro das centenas de bares ou mesmo na calçada. 

A campanha consistente da Argentina fez com que nossos “hermanos” se animassem. Durante o final de semana foram inúmeras as matérias que diziam que a cidade seria tomada pelos portenhos – 50 mil, 70 mil, mais de 100 mil… Desse mundaréu de argentinos, uma minoria foi para o Itaquerão, outros 25 mil para a Fifa Fan Fest no Vale do Anhangabaú e os festeiros vieram para a Vila Madalena. Por uma felicidade do destino (ou não), a redação da Brasileiros se localiza no bairro de Pinheiros, muito próximo dali. Patriotas que somos, fomos conferir a festa e – por que não – tentar jogar uma aguinha no mate deles.

A chegada foi um susto. Segundo a imprensa paulistana, a Vila Madalena, durante a Copa, não era mais um bairro habitável em São Paulo. Drogas sendo consumidas a céu aberto, bacanal em cada esquina, gangues dominando o bairro… Disso, nada se viu pela nossa equipe de reportagem, pelo contrário, o alarde foi tanto durante as últimas semanas que as fardas policias e jalecos de reportagem eram muito mais comuns do que as camisas azuis e brancas da Argentina ou vermelhas da Suíça.

Quando adentramos um bar, na Rua Aspicuelta, finalmente encontramos os argentinos, nossos alvos de agouro amistoso. Escolhemos um lugar onde a “zica” era permitida, rodeado por brasileiros, um televisor pequeno onde claramente os brasileiros se concentravam, respeitando o jogo e a torcida dos vizinhos.

Antes do apito inicial, a já famosa soberba dos argentinos era visível, porém, poucos dos torcedores sabiam que o adversário, a Suíça, havia sido eliminado da Copa de 2006 sem levar um gol sequer e em 2010 tomou um só gol. Ou seja, o típico rival fechado e chato de se jogar.

Com a bola rolando, a Argentina repetia o que de melhor apresentou nessa Copa: tocar para o Messi. O craque argentino até conseguia desmontar parte do forte sistema defensivo da Suíça, porém, não o bastante para balançar as redes do rival. A Suíça se fazia de morta, mas se aproveitava das chances quando elas apareciam. Na melhor delas, a estrela do time, Shaqiri, levou para a linha de fundo, cruzou para trás e viu Xhaka perder o gol.

No melhor lance do primeiro tempo, a Argentina saiu para o ataque, perdeu a bola e deixou sua zaga aberta, vunerável, Shaqiri lança Drmic que, afobado, prefere tentar encobrir o goleiro em vez de dominar a bola e invadir a área, nas mãos de Romero.

Final de primeiro tempo. Hora de sair do bar, tomar as ruas da Vila mais uma vez e conferir as expressões dos poucos argentinos que escolheram o bairro para acompanhar sua seleção. O contraste era evidente, algumas feições preocupadas, outras sorridentes, debochadas… Os brasileiros faziam a festa, festa antes da hora, diga-se de passagem, em cima do evidente sofrimento argentino.

No segundo tempo a Argentina foi melhor, mas mesmo assim esbarrava nos vermelhos da Suíça. Messi continuava tentando, sendo o Messi que os argentinos esperam, mas não tinha o apoio de seus companheiros, que pouco acrescentavam as suas jogadas de efeito. Assustados, os europeus se limitaram a defender até o apito final, levar para a prorrogação, para a alegria dos brasileiros presentes na Vila Madalena.

Prorrogação, 15 minutos se passaram, e o zero a zero persistiu. Mais 10 minutos, 12 minutos… Faltavam três quando a Argentina finalmente foi a Argentina. Messi (sempre ele) recebeu no meio de campo, driblou o zagueiro e rolou para Di Maria na direita do ataque tocar colocado, no canto, sem chances para o goleiro. Festa! Em êxtase, com todo direito, os argentinos pularam na rua, estufaram o peito e começaram a berrar seus cânticos já conhecidos.

É a Copa do Mundo! E com o Chile ou a Suíça não existe jogo fácil. Mas agora está mais próximo: se tudo der certo, nos veremos na final, hermanitos!



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