Quem manda no circo?

aranha_diegoguichardSim, é muito fácil bater na CBF, a Confederação Brasileira de Futebol, que sempre foi vista com maus olhos por quem gosta e acompanha o futebol no País, mas que graças a Copa do Mundo, ficou em evidência também para o cidadão comum, que entrou no consenso que a entidade é responsável por 99% dos vários problemas que o esporte enfrenta por aqui.

Dessa vez o assunto em pauta não é nem especificamente restrito ao relvado, não queremos entrar na discussão das cotas televisivas para cada clube, dos estádios ociosos ou das concessões abertas para nos enquadrarmos no famigerado “Padrão FIFA”. O assunto é preconceito.

O preconceito, infelizmente, não é uma questão exclusiva do futebol, é verdade, porém, o esporte deveria ser o exemplo social para se erradicar essa “doença”. Isso não acontece graças a “patota” que o comanda, e por uma total falta de interesse e ações, antes preventivas e depois combativas. 

Na última quarta-feira o Santos foi a Porto Alegre enfrentar o Grêmio. Os gaúchos perderam, dentro de campo e principalmente fora dele. Em determinado momento do jogo, o goleiro paulista, Aranha, se virou para o juiz, claramente incomodado, e denunciou as ações dos torcedores rivais atrás de sua meta. Meia dúzia coçavam o sovaco e pulavam imitando um macaco, uma menina foi capturada pela câmera claramente gritando, “MACACO”, mais de uma, duas vezes.

Os vídeos viralizaram, repercutiram, e a gremista, no dia seguinte, foi afastada de seu trabalho. Nesse sábado, dia 30, ela teve sua casa apedrejada e pichada, uma atitude tão triste como a que ela própria teve dias antes.

Essa não é a primeira vez que o dito “País do Futebol” é manchado por atos racistas, seja contra negros, contra homossexuais ou mesmo contra mulheres, simplesmente por serem mulheres. O futebol tem o poder de escrachar o melhor e o pior dos sentimentos do ser humano, e cabe aos organizadores da festa a delimitar o que pode e o que não pode ser feito. O futebol europeu, o inglês principalmente, já deu uma aula estrutural de como se trabalhar com a sociedade, quando, nos anos 1980, foi dominada pelos hooligans, grupo violento que aterrorizou o espetáculo durante décadas. A partir da omissão dos que seriam encarregados por mantes a paz e a boa conduta, os clubes se organizaram e formaram liga independente, sem federação, foi quando conseguiram aplicar o devido rigor contra aqueles que não estavam lá pelas razões certas. O futebol para quem merece o futebol.



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