O Comitê Olímpico Internacional (COI) está com uma bomba na não (boa para o esporte, diga-se) pronta para ser detonada no Rio de Janeiro dias antes do início dos Jogos Olímpicos de 2016, marcado para o próximo dia 5 de agosto.
O negócio é o seguinte: as novas regras de combate à dopagem no esporte determinam que amostras de sangue e urina colhidas em jogos olímpicos, mundiais e outras competições internacionais importantes sejam armazenadas por, no mínimo, dez anos.
Baseada na regulamentação, a agência mundial antidoping (Wada, na sigla em inglês) começou a fazer, em agosto de 2015, novos exames (chamado por eles de re-teste) em amostras colhidas nos jogos de Pequim 2008 e Londres 2012 de competidores com chances concretas de estarem também na Rio 2016.
Esses exames são feitos com as últimas tecnologias à disposição no momento, mais precisas e eficientes do que as utilizadas em olimpíadas anteriores. Assim, a possibilidade de pegar hoje um atleta positivo que testou negativo há oito ou mesmo quatro anos atrás é consideravelmente maior.
E não deu outra: até agora, 54 atletas que disputaram as duas últimas olimpíadas caíram na tarrafa do re-teste. Foram 31, de seis esportes e 12 países diferentes, em amostras dos Jogos de Pequim 2008. E mais 23, de cinco modalidades e seis nacionalidades distintas, a partir do material colhido em Londres 2012. Foram re-testadas 454 amostras de Pequim e 265 de Londres.
O COI anunciará dias antes das olimpíadas, no Rio, os nomes, esportes e nacionalidades desses competidores travados pelos novos exames. Existe a chance de outros caírem até lá. A “lista suja” certamente vai modificar resultados – e as chances de alterar também pódios e desclassificar atletas da Rio 2016 são quase totais.
O mais espantoso é que esses 54 atletas correspondem a 7,5% do total de 719 atletas dos dois jogos examinados. Consideradas apenas as de Pequim, 6,8% dos revistos caíram na rede. E se forem isoladas somente as amostras testadas de Londres, o percentual sobe para 11,7% do total.
Por qualquer ângulo possível de análise desses dados, trata-se de um escândalo.
Significa dizer que, no universo de atletas com chance de ganhar medalhas, que é o caso, as primeiras pesquisas mostram que entre sete e praticamente 12 atletas, a cada cem, entraram ou entram bombados nas Olimpíadas atuais.
Um espanto – definitivamente, um espanto.
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