É o cara!

Álvaro Bisama não é conhecido ainda no Brasil, como mereceria. Ele é um jovem escritor nascido no Chile, em 1975, que vem se destacando com seu estilo, que enverga uma face pop. Ele também é professor da Universidade Diego Portales, de Santiago, Chile, e critico literário, tendo passado por várias revistas e jornais latino-americanos, como The Clinic, Emol e Qué pasa, a versão chilena da Rolling Stone.

É detentor de vários prêmios, sendo o último, em 2011, o Prêmio Municipal de Literatura de Santiago, além do Prêmio Academia, concedido pela Academia Chilena de la Lengua, por sua novela Estrellas muertas. Foi selecionado pelo Festival Hay – Bogotá entre 39 jovens escritores promissores latinos, junto aos brasileiros Adriana Lisboa, João Paulo Cuenca e Veronica Sttiger.

Recentemente lançou seu livro de contos, Los muertos (2014), que chama a atenção pela atualidade das vozes do imaginário jovem diante da crise e revolta destes mesmos, em várias partes do mundo. Seus contos têm uma narrativa diferenciada, pelo uso de síncopes, transladando a fala dos jovens que se acham à deriva e se amparam nas muitas faces da cultura pop, do rock ao cinema, ou na linguagem midiática, mesclada de aforismos. Há uma descrença, um niilismo revelado entre os jovens, que perambulam pelas ruas e se amortecem em cenários sombrios, em crises existenciais, confabulando com outros personagens estranhos.

Suas obras de ficção: Caja negra (Bruguera, 2006), Música marciana (Planeta, 2008), Estrellas muertas (Alfaguara, 2010), 2011, Ruido (Alfaguara, 2012). Na crônica e  ensaio: Zona cero (Gobierno Regional de Valparaíso, 2003), Postales urbanas (El Mercurio/Aguilar, 2006) e Cien libros chilenos (Ediciones B, 2008).

Trecho de um dos contos, por Revista Ñ…Ar. 

…Lo leímos igual. Fingimos que lo leíamos, pero nadie lo entendía. Las bandas del pueblo escribían sus canciones satánicas con un diccionario de inglés-español en la mano. Nadie se preocupaba de la gramática. Aún nadie conocía el Matando Güeros. Las letras, eso sí, siempre eran escabrosas: fetos salidos del averno que emergían del vientre de muertos vivos, lobos gigantes que despedazaban gente en ciudades donde habían caído pedazos de la luna, que ahora estaba partida por la mitad; asesinos seriales que se dejaban violar por el Anticristo. Cosas así. Imagínatelas cantadas en un inglés chapurreado, sonando pésimo porque los parlantes y los músicos y sus instrumentos también eran pésimos. Imagínatelos leyendo ese Necronomicon e intentando entender cosas de ahí y luego largándose al Brutal Party mientras todos sacudían la cabeza con esas letras y escuchaban covers de Venom. Porque creíamos en ese Necronomicon fotocopiado. Creíamos al punto que una vez hicimos un ritual satánico. El estaba entre los asistentes. Conseguimos una cabeza de chancho, subimos a un cerro y la quemamos. Invocamos a una divinidad lovecraftiana y escuchamos ese disco de Destruction que remeda una de las imágenes de Fantasía de Disney. No pasó nada. No vino nadie. Nos quedamos en el cerro esperando. Para terminar la noche, nos bajamos una garrafa. El estaba ahí. Yo creo que se tomaba en serio el ritual. Yo creo que a los quince años se creía satánico. Se tatuó en el brazo un mono que aparecía en la carátula de un disco de Sepultura…..


Comentários

Uma resposta para “É o cara!”

  1. Avatar de Paulo Guerra
    Paulo Guerra

    Paulo Vasconcelos, boa noite.
    Eu gostaria que você assistisse a minha entrevista no Programa Contraplano sobre literatura, o Ser Humano e a psicologia das massas.
    Espero que você goste.
    https://www.youtube.com/watch?v=r8Ezv2YSYYM – Parte 1
    https://www.youtube.com/watch?v=tPyIxTGRvFQ – Parte 2

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