Movimento constante

Os editores da Mojo Books, da esquerda para a direita: Ricardo Giassetti, S. Lobo e Danilo Corci.
Os editores da Mojo Books, da esquerda para a direita: Ricardo Giassetti, S. Lobo e Danilo Corci.

Mário Magalhães respondendo Chico Buarque em artigo no Globo, Caetano Veloso dizendo que “nem morta” seria censor, Paula Lavigne polemizando no programa Saia Justa, da GNT. No mês de outubro, você deve ter lido muita coisa sobre as biografias não autorizadas. E, certamente, passou por sua timeline, a história da editora que criou a “biografia pirata e coletiva” de Caetano como resposta ácida e criativa sobre a polêmica.

Mojo Books está reconstruindo a vida do cantor em uma página do Facebook, organizando tudo para lançar, em forma de e-book gratuito, um modelo que contesta o estabelecido: “A gente queria mostrar que o povo brasileiro pode ir contra a arbitrariedade. Se uma pessoa não pode publicar um livro para lucrar com a vida do cara, o coletivo sem lucrar, pode”, afirma Ricardo Giassetti, um dos sócios da editora.

O que talvez você não saiba é que a editora nasceu digital, em 2006, de uma ideia de dois amigos – Giassetti e Danilo Corci – que trabalhavam com mercado editorial “tradicional” e tinham uma banda que criavam canções inspiradas em obras literárias. Um dia, eles decidiram inverter a sentença. Criaram um site, que usava a música como inspiração na criação de livros – de Beatles e Racionais até Tim Maia.

Em 2007, eles publicaram um livro da premiada escritora Andrea Del Fuego, que ganhou em 2011 o Prêmio Literário José Saramago, por seu romance “Os Malaquias”. No mesmo ano, Alexandre Xerxenevsky, atual editor do site da Cosac & Naify, escreveu o livro sobre o disco “Come On Die Young”, do Mogwai na plataforma. “Publicamos as novas gerações antes delas publicarem em outras editoras”, comenta Giassetti satisfeito.

Em quatro anos publicaram cerca de 500 e-books gratuitos, quando a leitura em dispositivos móveis não era tão acessível.

Novos modelos

No final de 2012, eles decidiram relançar a editora em formato comercial. E, 2013, Sandro Lobo, roteirista e editor de quadrinhos, se tornou sócio. Estão na eminência de lançar o seu novo site,  que pretende estimular o crowdfunding editorial. Ou seja, você pode financiar projetos que você se identifica e reduzindo o preço de custo final e a editora se responsabiliza pela qualidade de entrega. 

Modelo que promete remunerar muito melhor as instâncias do processo – da edição até a distribuição. O digital vai para o papel, que vai para as livrarias. “Queremos fazer livros dinâmicos, no tempo da internet, com rapidez editorial”, afirma o empresário que aposta que este modelo atrairá muitos talentos, já que o retorno seria muito maior.

Old but gold

Galerinha interagindo com a marca da Estante Virtual, na última Bienal do Livro.
Galerinha interagindo com a marca da Estante Virtual, na última Bienal do Livro.

Sua contemporânea Estante Virtual também tem uma boa história. André Garcia, fazia então mestrado em psicologia e não conseguia encontrar alguns livros. Então, imaginou um site que agrupasse as buscas dos sebos. André aprendeu a programar e após um ano, em 2005, lançou a versão beta. Ele não concluiu o mestrado, mas em 2009, a estimativa de vendas do site era de R$ 36 milhões.

Conversamos com Daniel Carneiro, o Gerente de Novos Negócios da empresa, que contou que hoje, são mais de 12 milhões de títulos cadastrados e uma venda média de 8 mil exemplares por dia. “Investimos nesses oito anos no aprimoramento da ferramenta, passamos de um canal de busca, para um sistema de métricas e de gestão de estoque, para o dono de sebo, além de dar respaldo ao consumidor até a última etapa da compra”, afirma.

Na lista dos mais vendidos, o campeão histórico é Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Para 2014, eles prometem estar presentes nos dispositivos móveis, com novidades.


Comentários

Uma resposta para “Movimento constante”

  1. Os marketeiros da Estante Virtual ficam aí com esse discursinho que tenta vender seu criador, André Garcia, como um ser de luz que veio trazer a leitura para o nosso planeta, mas a verdade é que o negócio da empresa não ficaria em pé se não se valesse da arbitrariedade e da exploração sistemática dos livreiros e sebos que abastecem o portal.

    No começo de junho de 2014, 150 livreiros retiraram seus acervos contra o reajuste de 100% na taxa sobre vendas.(Para se ter uma ideia, os encargos sobre vendas estão na faixa de 18%, muito acima de qualquer outro portal-mercado livre está em 10%).

    Existe também um abaixo-assinado com seis mil e setecentos signatários contra os abusos da Estante Virtual. Participem!
    http://www.change.org/pt-BR/peti%C3%A7%C3%B5es/cultura-para-todos-por-uma-estante-virtual-mais-justa

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