O melhor da prosa e da poesia no Festival da Mantiqueira

A programação da sétima edição do “Festival da Mantiqueira – Diálogos com a Literatura” mostra que o evento está mais ambicioso que nunca. A festa literária organizada pelo Governo do Estado de São Paulo vai dos dia 4 a 6 de abril, em São Francisco Xavier. Este ano, tem como tema “À Margem” e apresenta mesas sobre temas atualíssimos como a Ditadura Militar Brasileira (pelos 50 anos do golpe de 1964) e o Futebol, além de show do cantor e compositor João Bosco. Pela primeira vez, o Festival terá um “esquenta” no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, na próxima terça-feira, 1º de abril, com intelectuais importantes como Eliane Brum, Daniela Arbex, Kleber Mendonça Filho – diretor do celebrado filme “O Som ao Redor” – e Luiz Ruffato.

São Francisco Xavier fica a 138 km de São Paulo. Nos três dias do festival, serão realizadas mesas de debates, conversas com escritores, além de shows, atividades para as crianças e oficinas para estudantes e profissionais de biblioteca. Com a curadoria da jornalista e escritora Joselia Aguiar, a programação do festival se volta para narrativas que estão fora do arco de visão, passam despercebidas, estão esquecidas ou silenciadas, desvãos e sombras de um país e de um tempo que vão se revelar na obra de ficcionistas, historiadores, repórteres, letristas e cineastas. 

Gêneros que não costumam ocupar lugar de peso nas festas literárias, a literatura infantil e a canção popular são valorizados pelo Festival este ano. Os debates abarcam a diversidade cultural brasileira em autores e seus livros, assim como os aspectos inexplorados na ficção e na historiografia dos anos de arbítrio, com testemunhos que só agora começam a ser escutados. A abertura será na sexta-feira, dia 4, às 20h, com Cristovão Tezza (“O Filho Eterno”) com a conferência “Literatura à margem”, sobre a condição do autor que habita um país periférico e as possibilidades da ficção que revela o que não se vê. Tezza lança livro novo, “O Professor”. A noite segue com o músico João Bosco e o show “Quarenta Anos Depois”, às 21h, com os sucessos que marcaram a carreira do cantor em mais de quatro décadas. 

As mesas de debate

O Festival abre espaço para a literatura infantil e reúne autores que tratam da influência das matrizes culturais na escrita, tema da mesa “O Rio que Corre na Minha Aldeia”, realizada sábado (05.04), às 11h. A mesa conta com Daniel Munduruku (“Contos indígenas brasileiros” e “Histórias de índio”) único escritor indígena na lista dos 70 autores convidados para representar o Brasil na Feira do Livro de Frankfurt em 2013, vencedor de prêmios como o Jabuti e o Prêmio Tolerância, outorgado pela UNESCO. Além de Ilan Brenman (“Lendas judaicas”, “A Barba do Rabino”), de origem judaica, com mais de 60 obras publicadas, e Reginaldo Prandi (“Ifá, O Adivinho”), sociólogo com trabalho focado na cultura afro-brasileira, autor de livros de sociologia, mitologia, literatura infantojuvenil e ficção policial. A mesa tem a mediação da curadora Joselia Aguiar. 

A tarde de sábado começa com “O Tempo da Escrita”, às 14h30, com autores cuja estreia na literatura pode ser vista como “tardia” – acima dos 50 – e hoje mantêm uma publicação intensa e ousada. O debate reúne o vencedor do Jabuti de Melhor Romance em 2013, Evandro Affonso Ferreira (“O Mendigo Que Sabia de Cor os Adágios de Erasmo de Rotterdam”), Maria Valéria Rezende (que lança o novo “Quarenta dias”) e Elvira Vigna (“O que deu para fazer em matéria de história de amor”). A mediação é de Sérgio Rodrigues, escritor e critico literário que, no dia seguinte, falará de seu romance “O Drible”. 

Ainda no sábado, ocorre a mesa “Histórias a Contar da Ditadura”, às 17h, com Daniel Aarão Reis Filho e Bernardo Kucinski, um dos poucos escritores brasileiros que tratam da ditadura militar em obras ficcionais. Kucinski acaba de lançar a coletânea de contos “Você vai voltar para mim”, com histórias que têm como pano de fundo os anos posteriores ao golpe, que completa 50 anos na semana do Festival. Também relançou “K” (2011), inspirado no drama do pai, judeu polonês radicado na capital paulista, na busca pela filha desaparecida durante a ditadura. 

No domingo (06.04), às 13h, a Tenda Literária recebe os compositores Fernando Brant, José Carlos Capinam, o Capinan,  e Vítor Martins na mesa “As Canções – Letristas, Letras e Entrelinhas de uma Época Brasileira”. Em pauta, a música popular, que operou como poderosa forma de registro, resistência e renovação na vida do país do último meio século. Do Clube da Esquina ao Tropicalismo, grandes compositores se encontram para falar sobre o ofício e a história recente: como driblaram a censura para despertar sensibilidades com canções que atravessam o tempo. A mediação é de Humberto Werneck, autor de, entre outros, “Chico Buarque – Tantas palavras”, “O santo sujo – a vida de Jayme Ovalle”, vencedor do prêmio APCA de melhor biografia de 2008, e “Esse inferno vai acabar”, recente antologia de crônicas. 

Confira a programação completa do Festival da Mantiqueira: festivaldamantiqueira.com.br


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