O pantera negra das letras morre aos 79

T437487_05Uma das figuras mais influentes e controversas da história cultural norte-americana, o explosivo escritor Amiri Baraka morreu na quinta-feira (9), aos 79 anos. Poeta, dramaturgo, ensaísta, crítico musical, ativista do movimento negro e professor universitário, formou toda uma geração de jovens escritores a artistas negros que viam nele um modelo, mas também provocou a ira de conservadores brancos e judeus, que o acusavam de antissemitismo, principalmente depois do 11 de setembro, quando ele publicou o poema Somebody blew up America (Alguém explodiu a América), no qual sugeria que Bush e os israelenses já sabiam do ataque às Torres Gêmeas de antemão.

Nascido em 1934 em Newark, cidade perto de Nova York, de uma família de classe média, ficou três anos na Força Aérea como atirador, período em que lia Proust, Dostoiévski e Evelyn Waugh, até que foi expulso por acusações de comunismo. No começo dos anos 60 foi para o boêmio bairro novaiorquino Greenwich Village, onde entrou em contato com os beatniks e, ainda com o nome LeRoi Jones,  fundou a Totem Press, pela qual publicou livros de Allen Ginsberg, Jack Kerouac e Frank O’Hara, entre outros; fundou também o New York Poets Theatre com Diane Di Prima (cujo livro Memórias de uma Beatnik foi lançado recentemente no Brasil), que seria sua amante por anos. Um de seus feitos foi a peça Dutchman, muito elogiada e que causou um grande barulho, ao utilizar termos como nacionalismo negro, estética negra etc.

Em 1965, com o assassinato de Malcolm X, separa-se da mulher (branca) e filhos e se muda para o Harlem, onde passa a adotar uma postura bem mais extremista. Lá ele funda o Black Arts Repertoire Theatre e lança uma série de livros contestando veementemente a dominação branca. Foi preso duas vezes: em 67, nos seis dias de revolta em Newark, e em 79, por conta de uma briga com a mulher.

Além da força dos poemas e peças,sempre militantes, teve um papel importante também na divulgação do freejazz e de autores negros anteriores a ele, como Fredrik Douglass, Richard Wright, Langhston Hughes, James Baldwin e outros. Premiado inúmeras vezes, foi co-autor da biografia de Quincy Jones e participou de um disco do The Roots, excelente banda de hip-hop – Phrenology, além de aparecer em vários filmes e documentários, incluindo Bullworth, de Warren Beatty. Uma de suas obras mais curiosas é Tales of the out and the gone (2006), pequenos contos escritos na forma elíptica do jazz, trazendo Thelonious Monk como personagem. Assista aos vídeos: 

 



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