Ruy Castro fala do tempo em que estava bem longe de ter o vozeirão que inundou a sala do Café Literário na 5ª Bienal do Livro realizada em Belo Horizonte, na ExpoMinas, de 15 a 24 de abril: “Com cinco anos eu sabia ler e escrever. Sabia também escrever à máquina. Ou seja: não tive chance.” O festejado biógrafo de Garrincha, Carmen Miranda e Nélson Rodrigues conta que Alice no País das Maravilhas foi o primeiro livro que leu. “Depois vieram Tarzan, Sherlock Holmes, Arsène Lupin, Dorian Gray e Moby Dick.” Colecionador incansável, afirma, para risos da platéia: “Quando eu morrer, não quero ir para o céu, mas para um sebo.”
Psicanalista com doutorado em letras, o escritor mineiro Carlos de Brito e Mello, autor dos elogiados A Passagem Tensa do Corpos, finalista do Portugal Telecom e do Jabuti, e A Cidade, O Inquisidor e os Ordinários lembra que o cânone não morre: “a leitura sempre o ativa novamente.” Para ele, “a leitura começou com a escuta de minha avó, que contava as fábulas de um livro vermelho”. Suas primeiras experiências de texto foram, portanto, “sonoras, do tato, do afeto.” Sua primeira leitura marcante foi O Gênio do Crime, de João Carlos Marinho. Mais tarde deslumbrou-se com Lúcio Cardoso, de A Crônica da Casa Assassinada.
Se na casa de Castro não havia livros, “só jornais e revistas”, obrigando o futuro biógrafo a montar sua própria estante, na de Brito e Mello os livros abundavam. Começos tão diferentes levaram, no entanto, à mesma paixão incondicional pela literatura. Se para Carlos ela abre brechas e possibilidades num mundo muitas vezes mesquinho e limitador, para Ruy é fonte de saber: “A única coisa que justifica a presença do homem na Terra é a capacidade de aprender. E, quem sabe, de ensinar.”
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