Reinaldo Moraes tem 64 anos. Mas isso é o que diz a biologia. Pessoalmente, ele parece não ter idade definida: pode ir dos 14 aos 50, dependendo da situação. Experiência tem de sobra, como mostram seus romances mais conhecidos, Tanto Faz e Pornopopéia. O protagonista de ambos, um sujeito meio atrapalhado, muito simpático, que vive às voltas com muito sexo, drogas e frustradas ambições artísticas, é bem parecido com seu criador.
Pai de Ana, Dora e Laura, Reinaldo consegue equilibrar a boêmia e a família na mesma equação. Segundo Marta Garcia, editora com quem vive há mais de 20 anos, Ruy Castro, quando o conheceu, pontificou: “Eu não sabia que um pornógrafo fazia Toddy de manhã para as filhas e depois as levava na escola”. A excelência como pai, no entanto, mesmo nas condições adversas das piores ressacas, não impediu que levasse “broncas” em casa, mas como escritor. “Você escreve o que te passa pela cabeça, né, pai?”, disse Laura, com o espírito crítico de seus 14 anos.
Em 2011, por conta do sucesso de Pornopopéia, que alguns consideram “o livro mais engraçado da literatura nacional”, e que influenciou uma nova geração de ficcionistas, o jornalista e editor Nirlando Beirão o chamou para escrever sobre sexo na revista Status, que então renascia das cinzas. Seriam crônicas, logo adequadamente batizadas de “safadas”.
Agora reunidas sob o título O Cheirinho do Amor, elas revelam um conjunto de textos divertidos, diversificados, às vezes surreais, sempre no estilo inconfundível do autor, em que a erudição se mistura numa boa com palavrões, neologismos, trocadilhos e um invejável fraseado jazzístico.
O livro tem tudo o que se possa imaginar e surpresas inimagináveis. O priapismo louco dos golfinhos é uma delas. A médica que conseguiu preservar, na boca, o produto de um, digamos, encontro oral, e depois fez inseminação artificial é outra. Tem crônica sobre sexo na gravidade zero, terroristas palestinos que têm filhos fora da prisão, mulheres que estupram homens… Há, inclusive, uma crônica-tabu que foi censurada e resgatada nessa edição.
Na nossa conversa, em seu apartamento em São Paulo, decorado com santas portuguesas e pin-ups de plástico, a censura passou longe, deixando espaço de sobra para o humor jovial e sacana – no melhor dos sentidos – de Reinaldo.
Brasileiros – A crônica nunca foi um gênero que você cultivou como escritor. E, no entanto, você tem uma certa experiência no ramo. Como começou essa carreira de cronista?
Reinaldo Moraes – O Estadão estava fazendo uma reformulação radical em 1984, por aí. O “Caderno 2” tentou virar o que era o Jornal da Tarde de antes, quer dizer, um jornal mais ágil, que dialogava melhor com a juventude. E aí, Luiz Fernando Emediato, editor do Caderno, me chamou para escrever crônicas. Foi um gesto legal, pô, um jornalão, eu tinha 34 anos na época e tinha publicado o Tanto Faz uns dois, três anos antes. Só que eu não soube aproveitar aquilo, eu tinha umas ideias meio juvenis de como atuar em um grande veículo, achava que eu devia ser uma espécie de guerrilheiro e tentar impor uma visão literária, sabe? Tentar ser uma espécie de beatnik com trotskista, com anarquista, e não fazer uma coisa careta. O que resultou disso foram uns textos meio incompreensíveis, meio esquisitos. Acho que cheguei a escrever ali por uns sete, oito meses, menos de um ano. E aí o Emediato me chamou :“Porra, tá foda, a gente está recebendo reclamações, porque as pessoas não entendem suas crônicas e quando entendem não gostam, se sentem ofendidas”. Foi um desperdício mesmo. Eu sentava, fumava um, pá, aí tentava baixar um Jack Kerouac para escrever loucuradas (risos).
E como você foi parar na Status, 30 anos depois?
O Nirlando Beirão tinha lido o Pornopopéia e me chamou para fazer uma coluna em sinergia com o livro. Só que na hora em que sentei, me deu um desânimo, porque achei que ia ficar escravizado a um assunto só, que é sexo. Não sou sexólogo, só tenho interesse pessoal pelo assunto. O Cheirinho de Amor reflete muito isso. Acho que uma das formas de ler esse livro, é que ele conta a história de como fui descobrindo como escrever essas crônicas. Comecei de ladinho, com a história do Mario Prata e do Retiro do Carvalho, aí aos poucos fui entrando de frente, para em seguida entrar de frente demais (risos) – tem uma crônica lá chamada “O Pênis, esse Glorioso Factótum”. Depois de um tempo pensei: “Já falei de pau, de buceta, agora vou falar de cu, de sexo anal, dessa fixação brasileira por bunda”. Essa crônica, “O Desejo em Dois Tempos”, foi a censurada, pois tem um lado coprofágico. É a história do cara que faz um 69 com uma mulher, só que bota o cu dela assim (encena, com gestos) e pede pra ela botar um ovo, que é a expressão usada por Sade no 120 Dias de Sodoma…Quando você fala das coisas que entram, ainda pode, mas quando você fala das coisas que saem, aí não pode (risos). É uma interdição muito profunda mesmo. E o Cacá, que é o editor da revista, um amor de pessoa, um cara que nunca me encheu o saco de jeito nenhum, me ligou: “Reinaldo, putz, sabe essa crônica aqui, não tá dando, as pessoas tão dizendo que vão perder patrocinador, o caralho, será que não dava pra você maneirar?”. Escrevi outra coisa. O Fernando Barros e Silva, editor da Piauí, quando soube que eu ia lançar um livro de crônicas, me pediu uma inédita. Falei: “Tem a que foi censurada”. Ele disse: “Então, manda pra cá que eu publico”. Mas também não passou. Maria Emília Bender, que é minha amiga e trabalha lá agora, falou: “Mas de jeito nenhum, isso é uma nojeira, uma porcaria, puta que pariu”. Não tem jeito, é um tabu, Freud já falou (risos).
Vendo você no lançamento do livro, lendo crônicas ao lado de Mario Prata, Matthew Shirts, Xico Sá, Antonio Prata e Fabrício Corsaletti, me ocorreu que tem um movimento de retorno da crônica como gênero vivo e atuante. Dá para dizer isso?
Aí tem sim, realmente. A turma é boa, todos eles são excelentes. O Antonio tem muito do pai dele. Na melhor fase do Prata, ele escrevia crônicas mais afetivas e bem-humoradas. E o Antonio pegou isso, é uma espécie de DNA Prata. Apesar de ele ser um cara mais sofisticado que o Mario. O Mario sempre foi mais popular, um cara que vem de novela da Globo (Reinaldo escreveu com ele a novela Bang-Bang), um cara que escreve pensando no maior público possível.
Você é do tipo que sofre para escrever ou se diverte?
Acho que ninguém senta de pau duro para escrever, não é a melhor coisa que você queria fazer naquela hora. Você faz porque trabalha em um jornal ou revista e precisa da grana. Mas acabo me divertindo. Quando baixa um santo, quando tem um assuntinho na internet, gosto de ver se aquilo se liga com outras coisas. O grande esquema é criar teias analógicas de assuntos. A hora que você descobriu três, quatro coisas, já tem noção do tamanho e escolhe sobre o que vai escrever, aí você fica de pau duro.
Você lembra de alguma crônica em que teve essa reação?
Ah, várias, pô. Uma de que gosto muito é aquela sobre sexo no espaço. Fui ver o Gravidade, mas pô, os caras têm o George Clooney, têm a Sandra Bullock, e no filme não tem uma trepadinha na gravidade zero? Encontrei um monte de estudos sobre isso na internet. O Stephen Hawking disse que esse talvez seja o assunto mais importante, saber como reproduzir a espécie fora da Terra. Entre as coisas engraçadas que achei, tem esse jornalista de ciência com nome português, João Freitas, que fala que o melhor lugar para você fazer sexo em uma nave espacial é no centro, cada um fica em um extremo, toma um impulsinho e se encontram no meio. E teve outro que passou seis meses na Estação Internacional e disse: “Eu fico excitado”. Tem de ficar, os caras ficam seis meses lá, uma hora você está de pau duro. Eu acho engraçado, cago de dar risada sozinho. Aliás, um conselho: jamais goze fora na gravidade zero, que a porra vai ficar muito louca (risos).
Tem um aspecto seu que é curioso: ao mesmo tempo que você tem um lado bastante escatológico, você também tem um lado erudito, mesmo nessas crônicas você solta umas citações em latim, usa palavras difíceis…
É uma desierarquização da linguagem, tudo entra no mesmo saco. A ideia é um pouco essa, e não é muito nova. A estratégia dos modernistas e especialmente do Oswald de Andrade era um pouco assim.
Não imagino você fazendo isso de forma programática, acho que é algo que surge naturalmente…
É, sai pela urina. O problema é que quando você escreve por muito anos, você é obrigado a se reler muito para dar a forma final e acaba caindo no risco de se repetir. E, às vezes, o pior pesadelo do escritor é você se tornar enfadonho a seus próprios olhos, ler e falar “puta que pariu, já li isso quinhentas vezes e tô fazendo a mesma coisa. Então, porra, será que não sai mais nada de novo daqui?”.
Mas tem uma coisa recorrente em sua obra que é esse personagem parecido com você…
É, uma espécie de um João Miramar com Brás Cubas com o narrador do Memórias de um Sargento de Milícias. É um bon vivant. Eu gosto de uma definição que o Fabrício Corsaletti uma vez deu: “Reinaldo, você é um hedonista insatisfeito”. Acho que vou botar isso de epígrafe: “Aqui jaz um hedonista insatisfeito”.
Vou fazer uma pergunta meio cabeça e você fica à vontade para responder: por que escrever?
Puta que pariu. Acho que primeiro você escreve por puro narcisismo. Eu me lembro das minhas primeiras redações, da felicidade que me dava receber um elogio do professor. Eu nunca joguei bem futebol e nunca ninguém me falou que eu era inteligente, mas falavam: ‘Como você escreve bem”. Nas minhas redações, ganhava 10. Mas eu odiava a escola. Tomei pau no primeiro ano do ginásio porque eu me apaixonei por uma menina no ônibus elétrico. Eu tinha 11 anos e ela dez. Só pensava nela, não prestava atenção em nenhuma aula. Só passei em geografia porque a professora era uma gata (risos). Ela gostava de sentar na minha carteira pra dar aula. Cruzava a perna e falava de jeito informal. E, claro, em português.
Imagino que você gostava muito de ler…
Lia pra caralho. Era filho único, solitário. Minhas duas grandes distrações eram onanismo e literatura, que acabaram meio se confundido, de alguma forma.
Em uma das crônicas mais bonitas do seu livro, você cita o Cortázar: “Não há erotismo sem verbo”.
Isso está ou no Último Round ou em Volta ao Dia em 80 Mundos, é lindo isso.
É uma coisa que me bateu como muito verdadeira.
É, porque você pode se excitar por uma imagem, você pega na internet e bate uma punheta, mas se você conhecer a menina pode ser que não seja a mesma excitação, ela vai falar alguma coisa que vai te brochar, não vai ter clima. Para ter clima, vai ter de ter um verbo, né?
E você gosta de mexer bastante, né? É curioso, porque você gosta muito de usar adjetivo, neologismos e coisa e tal. Nenhum editor te encheu o saco com isso?
Sempre. E tem quem pergunta: “Pô, você corta? Mas você é um adjetivador impenitente!”. E eu respondo: “Você precisava ver a primeira redação, tinha dez vezes mais adjetivos, tinha até uns meta-adjetivos…” (risos).
Mas o legal é que você transformou isso em um estilo próprio.
Acaba virando, você vai escrevendo e uma hora aparece lá sua marca d’água. É gozado porque estou lendo um livro que eu sempre quis ler, que é o livro que o Cortázar diz que fez a cabeça dele, o Adán Buenosayres, de Leopoldo Marechal. Saiu em 1948, na Argentina, e foi muito criticado, porque ele era um peronista de esquerda, numa época em que pegava mal ser peronista, e ele foi meio marginalizado. Recentemente, dos anos 1980 pra cá, é que ele foi meio recuperado. É um livrão de 700 páginas, que é uma delícia rara. Não saiu em português. O livro é meio montanha-russa, começa numa espécie de realismo desvairado, e o cara é um adjetivador enlouquecido, como o Cortázar do Rayuela (O Jogo da Amarelinha) e ele usa isso de forma humorística, é um estilo metagongórico, fica tirando sarro do espanhol formal, mas usando o espanhol formal até as últimas consequências. Ele pega aquele dicionário da Real Academia Espanhola e usa todas as palavras, de uma forma compulsiva. Aí, falei: “Pô, isso aí é o Cortázar”.
Pelo que você diz em entrevistas, o Cortázar talvez seja o cara que você mais curtiu na vida.
É, o Rayuela eu li trezentas vezes. É um livro que te dá muita liberdade. Nem parece que você está lendo um livro, parece mais que você está num espaço lúdico, que por acaso tem palavras.
Aliás, o Tanto Faz tem bastante disso, né?
Para mim, era uma brincadeira, um livro que eu fiquei escrevendo em Paris, com uma bolsa de estudos e com muito tempo livre, me sentindo o Henry Miller. Eu estava totalmente encantado pela ideia de fragmento, na esperança de que aqueles fragmentos se constelassem em uma narrativa coerente e tal. Aí, fiz um xerox, dei para alguns amigos e fiquei espantado quando eles gostaram. A Brasiliense inaugurou aquela série Cantadas Literárias e Luiz Schwarcz falou: “Vamos botar o seu livro em segundo lugar”. Aí bicho, o livro vendeu pra caralho. Em uma semana, três mil exemplares, esgotou em uma semana.
E o Abacaxi?
O Abacaxi era uma continuação do Tanto Faz, só que o Tanto Faz era um ano na vida de um cara e o Abacaxi dá a impressão de uma história contada minuto a minuto, totalmente discursiva, sem nada de fragmentário. Eu adorei o livro, já estava com a bola cheia, acho que até cheia demais, estava com o senso crítico anestesiado, escrevi umas cenas malucas de sexo, de esbórnias. Que foi uma coisa meio que vivi, quando voltei de Paris, fiquei em Nova York na casa de uma maluca, e passei uma semana inteiramente bêbado e cheirado, parece um sonho que eu tive. Botei isso numa escrita selvagem que achei que ia emplacar pra caralho e foi um fracasso filha da puta, não vendeu nada. Apesar de só ter saído crítica boa, na Veja, na IstoÉ.
E isso meio que determinou você parar por um tempo?
Bastante. Aí eu já tava casado (com a psicanalista Maria Rita Kehl) e logo em seguida, em 1986, tive minha primeira filha, Ana. Eu tinha de conciliar trabalho com esbórnia, acabei escrevendo daqui e dali. Por muito tempo, vivi de roteirista de institucional, conhecia várias produtoras. De repente, as pessoas que eu conhecia não tinham mais as produtoras, não me chamavam pra porra nenhuma, eu já estava carta fora do baralho. Aí, uns amigos meus, isso é uma coisa importante, o Fabrício Corsaletti e o Paulo Werneck, sobretudo, e Antonio Prata, fizeram uma revista literária que se chamava Ácaro e me pediram um conto. Caprichei e voltou um tesão literário. Isso em 2002. Resolvi pegar uma velha história que eu tinha meio que esboçado para fazer um roteiro e a transformei em um livro de aventura, o A Órbita dos Caracóis, que saiu em 2003. Funcionou pra caralho, pois foi classificado como livro juvenil e vende até hoje. Foi ótimo. Depois veio o Umidade, de contos. Estava muito mais disciplinado, bem menos maluco. Acho que precisei fazer 50 anos para voltar a escrever. Baixar um pouco o facho. É um livro que me deu muito prazer, gosto da diversidade dos contos.
Ai veio o Pornopopéia…
No começo era um conto que eu queria colocar no Umidade, só tinha aquela parte da suruba. Mas Luiz Schwarcz falou: “Se você quiser, a gente coloca, mas não gosto desse conto. A suruba é engraçada, mas o personagem não existe”. Aí, falei: “Caralho, ele tem razão. Então, foda-se, vou tirar”. Mas fiquei com aquele conto na cabeça. Então, um dia, bicho, andando pela rua, foi como se fosse a revelação de São Paulo, que caiu do cavalo e teve a luz divina (risos). “Caralho, esse é o personagem que estou, há anos, querendo descobrir. É o personagem sem superego. Porque sou um cara de formação católica, vivi no mundo da culpa, tinha de rezar 14 Ave Marias e 30 Pai Nossos por causa de uma punheta (risos). Queria criar um personagem que faz o que passa pela cabeça e não sente nenhum remorso, nenhuma culpa. Pronto, pensei, descobri o personagem, agora só falta contar a história pregressa dele e o que acontece depois. Comecei a escrever, cara, de 2004 a janeiro de 2009. Deu certo. Foi uma surpresa, um livro desse tamanho, achei que ninguém ia querer editar.
Você está escrevendo alguma coisa agora?
Estou. Estava escrevendo um livro já há três anos, um livrão com umas 600 páginas, com essa incontinência verbal que o computador propicia, só faltava decidir o final. Começando a revisar, sabe? É o que mais gosto de fazer, é onde surge a mágica do negócio. E no meio desse caminho, um cara me contrata para escrever o roteiro de um filme. O que ele queria era um Pornopopéia 2, “com droga, puta e boemia”. Comecei, então, a escrever um quase pastiche do Pornopopéia, o negócio começou a evoluir e fui me entusiasmando. Terminei o roteiro e resolvi fazer outro livro com aquele material. Pensei: só vou desentortar o roteiro e vai virar um romance. Mas rubrica não é texto literário. Mesmo o diálogo não é. O mesmo diálogo que você escreveu no contexto de uma cena não funciona literariamente. Tive de reescrever. Então, estou trabalhando pra caralho há um ano e meio. E agora virou outra coisa. Em geral, o cineasta trai o romance que ele comprou, estou fazendo o contrário. Estou traindo o roteirista. Porque está bem diferente. No roteiro, o cara é um puta de um cinquentão drogadão, que é o que o cara queria. E, no livro, ele está um ex-junkie, mas que continua amigo de maluco. É meio que minha história, estou cheio de amigo que tem metade da minha idade. Saio com o Antonio Prata, o Fabrício, que têm 35 anos agora, sou amigo deles desde que tinham 22, 23 anos. É essa coisa de beber e partilhar a vida, porque os amigos velhos da minha idade ou estão mortos ou estão regenerados que não dá pra tomar uma cerveja com eles.
E o primeiro, de 600 páginas?
Esse estou chamando de A Travessia de Suez. É uma historia maluca, sobre um cara que morre, um bicheiro, milionário, superpoderoso, e vai pro céu. Só que o céu é um lugar esquisitíssimo. O cara fica muito espantando: “Mas eu no paraíso? Eu fui um filho da puta a vida inteira, matei um monte de gente, traí um monte de gente, tive 24 mulheres ao mesmo tempo, caguei e andei, nunca fiz nada de bom pra ninguém. Por que eu estou no céu?”. Aí, o cara fala: “Você está no céu porque você foi Deus na terra. Porque Deus é uma entidade que encarna de vez em quando em uns caras”. Aí fico explorando isso, o que se passa enquanto ele está nesse paraíso e a história pregressa dele. Deu um puta trabalho.
Deixe um comentário