Um notável desconhecido

Divulgação.
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Mais uma vez o Nobel passa uma rasteira nas casas de apostas e na expectativa em torno dos medalhões. O favorito Haruki Murakami foi atropelado por um francês bem menos popular, assim como os eternos candidatos Philip Roth, Richard Ford e mesmo Bob Dylan, entre uma dezena de outros.

O francês em questão, Patrick Modiano, nasceu num subúrbio de Paris, em 1945. Tem cerca de 30 livros publicados e já foi traduzido para 36 línguas. O secretário permanente da Academia Sueca, Peter Englund, o comparou a Marcel Proust. No discurso oficial da premiação, foi louvada “a arte da memória com a qual ele tem evocado o mais insondável dos destinos humanos e revelou a vida-mundo (do período) da ocupação”.

No Brasil teve oito livros publicados, quase todos esgotados. Pela Rocco saíram os romances “Ronda da noite” (1985), “Uma rua de Roma” (1986, vencedor do prêmio Goncourt em 1978), “Vila triste” (1998), “Dora Bruder” (1998), “Do mais longe ao esquecimento” (2000), e “Meninos valentes” (2003).

O infantil “Filomena firmeza”, com ilustrações de Sempé, saiu pela Cosac Naify neste ano.

A Rocco disse à reportagem da Brasileiros que não pretende relançar os livros do autor, e tampouco publicar seu romance mais recente, Pour que Tu ne te Perdes pas dans le Quartier, lançado há apenas uma semana.

Como a Feira de Frankfurt está sendo realizada nestes dias, o livro se tornou dos mais disputados de uma hora para outra. Coincidentemente (ou não, já sugerem alguns), a Gallimard, editora de todos os livros do autor, já havia feito um grande cartaz juntando os lançamentos novos de Le Clézio, Nobel de 2008, e este, de Modiano.

Modiano também e conhecido por roteiros de cinema. Ele é um dos co-autores de Lacombe Lucien, filme de Louis Malle que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1978. Não por acaso, o filme trata dos dias de ocupação nazista na França, um dos temas recorrentes do autor, que também costuma retratar muito a Paris dos anos 60.

Questionado sobre a semelhança entre seus livros, que sempre mostram um personagem em busca de um passado fragmentado, de uma mulher amada que desapareceu, de uma identidade perdida, respondeu à revista Les Inrockuptibles que cada romance é uma tentativa de melhorar o anterior.


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