Viver de literatura

Marcelino Freire (à esq.) conversa com Marçal Aquino na sala dos autores da Bienal do Livro de Minas. Foto: Daniel Benevides
Marcelino Freire (à esq.) conversa com Marçal Aquino na sala dos autores da Bienal do Livro de Minas. Foto: Daniel Benevides


“Não vivo de literatura. Vivo a literatura. Só escrevo quando tenho vontade, não para pagar contas. É uma liberdade inegociável.” Em sua primeira fala no Café Literário da Bienal do Livro de Minas, Marçal Aquino, autor de
Eu Receberia as Piores Notícias de seus Lábios, entre outros, definiu sua postura em relação à literatura. Ex-jornalista, hoje Marçal vive mesmo é de roteiros, para cinema e TV. Escreveu a série global Força Tarefa, ao lado do também romancista Fernando Bonassi. E fez os roteiros de vários longas dirigidos por Beto Brant. Segundo ele, ao contrário da escrita para as telas, “a literatura é uma espécie de cachaça, um trabalho artesanal.” E braçal: Marçal só escreve a mão.

A mesa, denominada justamente Viver de Literatura, trouxe também Marcelino Freire, idealizador da Balada Literária, evento que acontece todo ano em São Paulo. O autor de Angú de Sangue e Amar é Crime foi numa linha semelhante ao amigo e parceiro de debate: “A literatura me ajuda a viver, a suportar a vida. Vou aos livros para tentar me salvar”, disse para a plateia atenta. E contou que, para sobreviver, trabalhou muito tempo como revisor de publicidade. Arrancou aplausos quando agradeceu, surpreso, a presença de todos num dia tão conturbado quanto aquele, em que era votado o afastamento ou não da presidenta Dilma.

Bem mediada por Rogério Pereira, também escritor, editor do jornal literário Rascunho e curador da Bienal, a mesa foi das mais divertidas da Bienal. Perguntados sobre a inspiração para escrever, ambos elegeram as ruas como suas musas. “O livro que mais leio é a rua”, afirmou Marcelino. Marçal, por sua vez, contou que seguiu um casal que estava brigando: “Eu queria saber o motivo da briga. Quando eles entraram num prédio, fechando a porta para mim, voltei para casa e terminei a história como vingança.”


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