“2014 foi gravíssimo para liberdade de imprensa”, diz relator da CIDH

O relator especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) na América Latina, Edison Lanza, afirmou, em entrevista ao jornal espanhol El País, que o ano de 2014 foi “um dos piores da última década” para jornalistas na região, e que “há um novo fenômeno de censura indireta, em que empresários adquirem meios de comunicação para colocá-los a serviço dos governos” latino-americanos. Apesar disso, Lanza destacou que a maioria dos países respeita ampliamente a liberdade de imprensa.

“O aumento da violência contra jornalistas e comunicadores é o que mais preocupa sobre a liberdade de expressão nas Américas. O ano de 2014 foi gravíssimo, talvez um dos piores da última década, com 25 assassinatos de jornalistas e comunicadores e mais de 400 agressões de distintos tipos, como ameaças. O México está na cabeça dessa lista, com oito assassinatos. Em seguida estão Guatemala, Honduras, Brasil e Paraguai, com três e quatro assassinatos cada um”, disse ele. “Outro fenômeno é o aumento do uso de figuras penais para sancionar e perseguir tanto opiniões críticas como informações de interesse público, que vão reduzindo os espaços de controle social, de crítica pública e discussão”, completou.

Segundo levantamento recente feito pela inglesa BBC, o mercado de mídia no Brasil é dividido majoritariamentte em famílias: a Marinho, dona da Rede Globo, tem 38,7% do mercado, o bispo da Igreja Universal do Reino de Deus Edir Macedo, maior acionista da Rede Record, detém 16,2% do mercado e Silvio Santos, dono do SBT, 13,4% do mercado. A família Marinho também é proprietária de emissoras de rádio, jornais e revistas – campo em que concorre com Roberto Civita, que controla o Grupo Abril (ambos detêm cerca de 60% do mercado editorial). O fenômeno de grandes canais de televisão e ações em jornais de maior circulação também se vê na América Latina, como a Televisa, no México, e a Caracol, na Colômbia.

“Há um novo fenômeno de censura indireta na América Latina: são empresários que adquirem meios de comunicação em todo o continente. A prática deles é mudar a linha editorial dos meios que compram para colocá-los ao serviço dos seus governos. Isso é um exercício de conveniência entre o setor privado e o público”, afirmou Lanza.

A entrevista foi realizada por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, comemorado nesta segunda-feira (4). Para ler a reportagem completa, clique aqui.


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