“Sendo necessária à segurança de um Estado livre a existência de uma milícia bem organizada, o direito do povo de possuir e usar armas não poderá ser impedido.” A frase que compõe a 2ª emenda da constituição americana é usada como principal argumento dos defensores do porte de arma nos Estados Unidos, mas os acontecimentos que afetaram o país nas últimas semanas devem esquentar ainda mais o antigo e polêmico debate.
Apenas nos últimos 41 dias, cinco incidentes envolvendo atiradores em locais públicos foram registrados no país, o último deles nesta sexta-feira, dia 31, quando um ex-fuzileiro naval de 23 anos invadiu o supermercado onde trabalhava e matou dois ex-colegas antes de tirar sua própria vida, em Old Bridge, Nova Jersey.
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Para deixar a situação ainda mais crítica, as tragédias ocorrem em um momento crucial para a democracia americana: a aproximação das eleições presidenciais, onde o atual presidente Barack Obama, dos democratas, disputará o pleito contra o republicano Mitt Romney, que oficializou sua candidatura nesta quinta-feira, dia 29.
No discurso de sua nomeação como candidato, realizado ontem, na Flórida, Romney atacou o atual presidente, afirmando que Obama não cumpriu sua promessa de “mudança e esperança” para o país. O candidato da situação também foi atacado pelo ator e diretor Clint Eastwood, que durante seu discurso na convenção republicana encenou um diálogo com uma cadeira da presidência vazia, insinuando que o governo de Obama teria sido ausente durante seus quase quatro anos de mandato.
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Em resposta ao ator, Obama postou em seu Twitter uma foto sentado na cadeira presidencial, afirmando na legenda que o lugar “está tomado”. A questão das armas, no entanto, ainda não foi diretamente abordada por nenhum dos candidatos.
Após o tiroteio que deixou sete mortos em um templo Sikh de Wiscosin no início do mês, Obama lamentou a frequência dos casos e pediu um “exame de consciência” ao povo americano. “Esses fatos terríveis e trágicos acontecem com muita frequência (…) o que torna necessário um exame de consciência (…) para acharmos meios adicionais para que possam reduzir a violência”, disse o presidente à época, sinalizando uma tendência a buscar mais controle no porte da armas. Essa tendência, porém, pode ser um “tiro no pé” na candidatura de Obama em um país onde a cultura de andar armado é tão arraigada.
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No sentido oposto está Mitt Romney. Após o mais chocante caso da onda de violência armada que se instalou nos Estados Unidos nas últimas semanas – o episódio protagonizado por James Holmes, atirador que assassinou 12 pessoas e deixou outras 58 feridas em um cinema na cidade de Aurora, Colorado -, Romney defendeu o porte de armas de fogo, com base na segunda emenda. “Sigo acreditando que a Segunda Emenda é o caminho correto para proteger-se e defender-se, e não acho que uma nova legislação mude este tipo de tragédia”, afirmou. Para o ex-governador de Massachusetts, o verdadeiro problema está nas pessoas que utilizam as armas, e não em seu porte. “Nosso desafio não são as leis. Nosso desafio são as pessoas que, obviamente, estão fora da realidade e fazem coisas impensáveis, inimagináveis, inexplicáveis”.
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