Após ter convocado um referendo sobre as medidas de austeridade impostas ao país, contrariado a vontade das urnas e aceitado um duro acordo em troca de um novo pacote de resgate europeu, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, renunciou ao cargo nesta quinta-feira (20).
Em um discurso em rede nacional de televisão, o premier disse estar com a “consciência no lugar” e que o pacto firmado com a União Europeia era o melhor que se poderia obter. Deixando claro que as novas eleições – provavelmente em setembro ou outubro – terão um caráter referendário sobre seu governo, ele destacou que a população irá decidir se, após anos e anos de crise, Atenas está seguindo no rumo certo.
“O povo deve tomar o poder em suas mãos, vocês devem decidir se conseguimos levar o país a um caminho positivo, vocês devem dizer se somos capazes de levar o país à saída do memorando”, afirmou. A renúncia acontece no mesmo dia em que a Grécia recebeu a primeira parcela do pacote de resgate aprovado pela UE. Ao todo, serão desembolsados 86 bilhões de euros ao longo dos próximos três anos para recuperar as finanças do país.
Em troca, Bruxelas exigiu de Atenas uma série de reformas, incluindo aumento de impostos, corte de gastos, mudanças no sistema judiciário e a criação de um fundo para gerir as privatizações que estão sendo feitas na nação.
Apesar de gozar de uma alta popularidade entre os gregos, Tsipras perdeu o apoio da ala mais radical do seu partido, o esquerdista Syriza. Atualmente, o primeiro-ministro conta com os votos de setores de legendas mais tradicionais, as quais ele sempre criticou.
Com a realização de novas eleições, a esperança do chefe de governo é se fortalecer nas urnas e ampliar sua base de apoio no Parlamento. “Queremos um mandato forte, um governo estável”, salientou o premier.
Esse será o segundo pleito legislativo do ano na Grécia. Em janeiro, o Syriza obteve 36% dos votos, muito em função da promessa de renegociar a dívida com os credores europeus, algo que ainda não está no horizonte.
Na época, Tsipras teve de recorrer ao Gregos Independentes, partido de caráter conservador, populista e nacionalista, para garantir maioria no Congresso.
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