A vitória do “não” no referendo sobre austeridade do último domingo (5) parece ter provocado pouco impacto nas negociações entre a Grécia e seus credores.
Nesta terça-feira (07), chefes de Estado e governo da zona do euro se reuniram durante quatro horas para discutir a situação do país, mas as declarações pós-encontro mostraram pouco otimismo quanto à possibilidade de se chegar a um consenso.
A cúpula havia sido convocada em caráter de emergência por causa do resultado da consulta popular e colocou o primeiro-ministro Alexis Tsipras cara a cara com seus colegas europeus.
“O clima não parece ter melhorado após o referendo, alguns foram até mais duros do que na última vez”, declarou o premier da Itália, Matteo Renzi, um dos principais críticos das políticas de austeridade da União Europeia, mas que fora contra a votação do fim de semana.
Segundo ele, a reunião deixou claro que não há condições de se falar “de maneira estratégica” sobre uma reestruturação da dívida da Grécia, como cobra Tsipras. “A bola está agora com o governo grego, que deve apresentar as suas propostas. Se forem aceitáveis, se chegará a um acordo, como acredito e espero”, acrescentou.
A mesma posição é compartilhada pela chanceler da Alemanha, Angela Merkel. Após o encontro, ela disse que muitos líderes se posicionaram contra uma eventual redução do débito de Atenas porque tal medida é vetada pelas regras da zona do euro. “Mas antes de falarmos de uma reestruturação da dívida, vejamos o que a Grécia pode fazer”, ressaltou.
No próximo domingo (12), os líderes de todas as 28 nações da União Europeia irão a Bruxelas para uma provável última tentativa de resolver o impasse. “É preciso encontrar pontos de acordo políticos e técnicos. Vejamos se domingo esse tema será enfrentado e resolvido de uma vez por todas”, salientou Renzi.
Já o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, não mediu as palavras e lembrou que a Grécia irá quebrar se um pacto não for firmado. “Nunca falei de prazos, mas hoje digo que temos apenas cinco dias para um acordo final, todos têm a responsabilidade de encontrar uma solução. As consequências incluem a falência da Grécia e dos seus bancos”, ressaltou o polonês, que falou até em discutir “eventuais ajudas humanitárias”.
Negociações
Estrangulada por uma dívida elevadíssima, a Grécia tenta obter um auxílio financeiro de mais de 7 bilhões de euros para evitar a bancarrota. Sem esse dinheiro, Atenas não conseguiu pagar uma parcela de 1,6 bilhão de euros de um empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI) que vencia no dia 30 de junho, entrando em default.
Além disso, o país tem até 20 de julho para quitar uma prestação de 3,5 bilhões de euros devida ao Banco Central Europeu (BCE). Se sofrer um calote, a instituição não poderá mais socorrer os bancos gregos com seu programa de liquidez.
“A situação é bastante grave e incerta. O desafio será ver se existem as condições para abrir negociações. Tsipras prometeu um plano detalhado para quinta-feira [9]”, destacou Merkel.
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