A visita oficial da presidenta Dilma Rousseff aos Estados Unidos está rendendo. A primeira boa notícia foram os acordos anunciados em relação à importação da carne in natura de 14 estados brasileiros, após quase 15 anos de imposição de barreiras à produção nacional. O potencial de exportação chega a 60 mil toneladas, podendo tornar os EUA, que não adquiriam o produto do Brasil há mais de uma década, um de nossos dez maiores compradores.
A segunda questão que avançou foi a simplificação da entrada de brasileiros em território norte-americano. Nesta terça-feira (30), a presidenta Dilma anunciou que o Brasil fará parte do programa Global Entry, que visa facilitar a entrada de pessoas que viajam frequentemente aos Estados Unidos. Apesar de não isentar os brasileiros de um visto prévio para entrar nos EUA, o programa permite a entrada no país sem passar pelas filas de imigração.
Ainda nesta terça, durante uma entrevista coletiva dos dois presidentes, Obama teceu longos elogios ao Brasil em resposta a uma pergunta, no mínimo, capciosa da repórter Sandra Coutinho, do canal GloboNews, à presidenta Dilma. A jornalista perguntou: “O Brasil se vê como um ator global e liderança no cenário mundial, mas os EUA nos veem como uma potência regional. Como você concilia essas duas visões?” Obama interveio: “Eu vou responder em partes a pergunta que você fez a presidenta. Nós vemos o Brasil não como uma potência regional, e sim como uma potência global.”
Complexo de vira-lata, até quando?
A presidenta Dilma Rousseff foi questionada pela repórter da GloboNews, Sandra Coutinho, sobre como ela lida com o fato de “os Estados Unidos enxergarem o Brasil não como uma potência global, mas apenas regional”. Foi quando Barack Obama quebrou o protocolo para responder à pergunta:”Bom, eu vou responder em parte a questão que você acabou de fazer para a presidente Dilma. Nós vemos o Brasil não como uma potência regional, mas como uma potência global. Se você pensar no G-20, o Brasil é um voz importante ali. As negociações que vão acontecer em Paris, sobre as mudanças climáticas, só podem ter sucesso com o Brasil como líder-chave. Os anúncios feitos hoje sobre energia renovável são indicativos da liderança do Brasil.O Brasil é um grande ator global e eu disse para a presidente Dilma na noite passada que os Estados Unidos, por mais poderosos que nós sejamos, e por mais interessados que estejamos em resolver uma série de problemas internacionais, reconhecemos que não podemos fazer isso sozinhos.Em assuntos como a saúde global, não vamos ter sucesso a não ser que trabalhemos com o Brasil e outros grandes países, para saber onde podemos identificar o surgimento de uma doença, como evitar que ela se torne uma pandemia. Se quisermos ter sucesso em temas como mudanças climáticas, contraterrorismo e redução da extrema pobreza no mundo, todos os grandes países precisam estar envolvidos neste processo. E o Brasil consideramos ser um parceiro absolutamente indispensável nesses esforços.”Imperdível!!
Posted by Lindbergh Farias on Terça, 30 de junho de 2015
Logo em seguida, o presidente norte-americano continuou respondendo a pergunta, ressaltando a importância econômica do Brasil e as discussões globais nas quais o País é substancial, como nos debates na Conferência do Clima, que acontecerão em Paris, no fim do ano: “Na forma de coordenação das maiores economias do mundo, o G20, o Brasil é uma das principais vozes. As negociações que vão ser feitas em Paris, sobre a mudança do clima, só vão ter sucesso se o Brasil liderar a discussão.”
Obama também citou a participação fundamental do Brasil na resolução de problemas internacionais, como a questão da saúde global e o terrorismo. “Na questão da saúde global, por exemplo, para sermos bem sucedidos precisamos trabalhar com o Brasil. Se quisermos também ser bem sucedidos na adaptação às mudanças climáticas, na luta contra o terrorismo, na redução da extrema pobreza, todos os países mais importantes deverão participar deste processo, e o Brasil é um parceiro indispensável.”
Nesta quarta-feira (1), a presidenta Dilma encerra sua agenda oficial nos Estados Unidos com compromissos na Califórnia. Dilma visitará a Universidade da Califórnia, a sede do Google, a Universidade de Stanford, e terá um encontro com a ex-secretária de Estado Condoleezza Rice. O último compromisso previsto é uma visita ao Centro de Pesquisas da NASA, a agência espacial norte-americana. Depois, a presidenta deve retornar ao Brasil.
Deixe um comentário