O ex-primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, foi condenado em primeira instância a três anos de prisão por corrupção na quarta-feira (8), em um processo por compra e venda de apoio político no Parlamento durante o último governo de seu rival Romano Prodi (2006-2008).
A pena foi aplicada pelo tribunal de Nápoles e ficou abaixo do que queria a Procuradoria, que havia pedido cinco anos de reclusão para o ex-premiê. Berlusconi foi sentenciado por ter subornado diversos senadores – com destaque para Sergio De Gregorio – para que eles deixassem a base aliada de Prodi e o derrubassem do cargo, o que efetivamente aconteceu em maio de 2008.
Romano foi então sucedido justamente por Berlusconi, com quem polarizou a política italiana durante boa parte dos anos 1990 e 2000. “Havia boatos, mas, como contei aos juízes, não sabia de nada. Se soubesse, ainda seria premiê”, declarou Prodi.
As acusações se baseiam em declarações do senador De Gregorio. Segundo a Procuradoria de Nápoles, Berlusconi investiu na época milhões de euros para comprar senadores da centro-esquerda. De Gregorio, que enfrentava grandes dificuldades econômicas, aceitou o suborno. “É uma sentença que julgamos clamorosamente injusta e injustificada”, disse o advogado de Berlusconi, Niccolò Ghedini, anunciando que vai recorrer da decisão. Além disso, ele acrescentou que o crime vai prescrever ainda este ano.
Os pagamentos teriam sido feitos pelo jornalista Valter Lavitola – ex-braço direito do político conservador -, também condenado a três anos de cadeia. “O objetivo de Berlusconi era derrubar o governo Prodi, o modo não lhe interessava”, afirmou o procurador Vincenzo Piscitelli.
Com esse processo, fica cada vez mais improvável um retorno do ex-primeiro-ministro às urnas. Ele já está inelegível até 2019 devido a uma condenação em última instância por fraude fiscal em 2013, caso que levou à cassação do seu mandato de senador.
Por conta da sentença, ele foi obrigado a realizar um ano de serviços sociais em um asilo, pena encerrada no início de 2015. Berlusconi também quase foi preso por causa de uma acusação de prostituição de menores e abuso de poder, mas acabou sendo absolvido pela Corte de Cassação de Roma.
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