O jornal indonésio Jakarta Globe publicou nesta terça-feira (28) que as autoridades do país asiático já mobilizaram ambulâncias e caixões na prisão de Nusakambangan, onde oito pessoas devem ser fuziladas entre a noite desta terça e a manhã desta quarta-feira (29) pelo governo local. Além de dois australianos, uma filipina, quatro nigerianos e um indonésio, há o brasileiro Rodrigo Gularte Muxfeldt, preso em 2004 e condenado à morte um ano depois. De acordo com a publicação, ele vai enfrentar um pelotão de 14 soldados, mas apenas um deles vai disparar o tiro mortal. Se for executado, será o segundo brasileiro condenado e fuzilado no exterior, quase quatro meses depois da morte de Marco Archer Moreira, no mesmo país.
Segundo a prima de Rodrigo, Angelita Muxfeldt, que o está acompanhando na Indonésia, ele não “quer acreditar” que será executado. Em entrevista ao portal G1, ela disse que “o primo está muito calmo e espera que será solto”.
No sábado (25), o governo indonésio enviou a notificação das execuções aos prisioneiros, mas concedeu um tempo de espera ao francês Serge Atlaoui, de 51 anos, devido a um recurso que está tramitando na justiça indonésia. Segundo a sua defesa, ele não pode ser considerado culpado porque não foi flagrado explicitamente mexendo com drogas. Atlaoui foi preso em Jacarta há dez anos durante uma operação policial que descobriu um laboratório de ecstasy no mesmo lugar onde ele trabalhava como mecânico. Nesta terça-feira (28), o porta-voz do procurador-geral da Indonésia, Tony Spontana, reafirmou que, se o recurso for rejeitado, Atlaoui será executado sozinho em um período próximo.
A embaixadora da França em Jacarta, capital da Indonésia, Corinne Breuzé, afirmou na semana passsada que “as relações bilaterais entre os dois países sofrerão consequências” caso o artesão francês seja executado pelo Estado. Nesta terça-feira, a ministra das Relações Exteriores da Austrália, Julie Bishop, também disse que as relações entre os países sofrerão consequências e criticou o que denominou de “comportamento caótico” do governo indonésio.
O governo brasileiro – assim como fez com Marco Archer, morto em janeiro na mesma ilha indonésia – mantém esforços para evitar a morte de Gularte. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse, no sábado, que o governo prossegue os contatos regulares de mais “alto nível” com Jacarta, para tentar convencer a Indonésia a suspender a execução por razões humanitárias, uma vez que Gularte sofre de esquizofrenia. Vieira disse que os diplomatas brasileiros em Jacarta continuam prestando assistência consular “tanto quanto é possível” para defender os interesses de Gularte, mas respeitando a soberania do país asiático e reconhecendo a gravidade do delito que ele cometeu. Rodrigo foi preso com seis quilos de cocaína em 2004, crime considerado como gravíssimo no país.
No domingo, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon pediu ao governo indonésio para não executar as nove pessoas, reiterando a tradicional oposição da instituição à pena capital. Países como França e Austrália também demonstraram repúdio ao ato.
Marco Archer
O instrutor Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, foi fuzilado em janeiro, na ilha de Nusakambangan, pelo governo da Indonésia. Ele foi condenado à morte por tráfico de drogas após tentar entrar com 13,4 quilos de cocaína no país, em 2003. Foi o primeiro brasileiro da história a ser condenado à morte e executado posteriormente fora do País.
Na ocasião, o governo brasileiro convocou o embaixador do Brasil em Jacarta, capital da Indonésia, Paulo Alberto da Silveira Soares, para consultas em Brasília. No protocolo das relações internacionais, o gesto é compreendido como um agravo no contato entre dois países. A Holanda fez o mesmo dias depois. O assunto foi um dos mais comentados no site de Brasileiros em janeiro, depois que Archer foi executado.
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