Canadenses voltam às ruas contra cortes na saúde e na educação

Milhares de pessoas tomaram hoje (2) as ruas de Montreal, segunda maior cidade do Canadá, para protestar contra medidas adotadas pelo governo da província de Québec que impõem cortes nos orçamentos das áreas de educação e saúde. A chamada Marcha contra a Austeridade, organizada por associações de estudantes, faz parte de um movimento lançado no início da semana passada por uma “greve social”.

Além de estudantes, professores, profissionais de saúde e funcionários públicos compareceram, em uma demonstração de que os trabalhadores aos poucos têm aderido ao movimento. Ao longo das duas últimas semanas, pequenas manifestações têm ocorrido, algumas vezes organizada por grupos estudantis, outras por sindicatos e organizações sociais.

A mobilização de hoje foi a maior até o momento para contestar o novo Orçamento anunciado na quinta-feira passada e que impõe uma margem de aumento de gastos de 0,2% para a área de educação e de 1,4% para a saúde. As medidas integram o pacote que ficou conhecido como de austeridade e que visa, segundo o governo, a evitar um déficit de R$ 14,7 bilhões neste ano e de R$ 18,3 bilhões no ano que vem.

Para Isabelle Faucher, assistente de saúde, os cortes no setor terão um impacto importante. “Eu tenho tido que adotar um sistema austero no meu próprio orçamento há anos, mas com mais cortes eu não vou conseguir. Então, estou aqui para denunciar”, disse.

A professora de estudos literários da Universidade de Québec em Montreal diz que participa da manifestação em solidariedade aos estudantes. “Não vai sensibilizar o governo, mas pelo menos vamos nos fazer ouvir.”

A Universidade de Québec é uma das instituições de públicas onde os protestos estudantis têm causado maior repercussão, inclusive com a suspensão de aulas por causa de alunos que bloqueavam o acesso aos cursos. Ontem (1º), a Justiça local determinou o desbloqueio e livre acesso de estudantes e professores às aulas.

A marcha começou às 13h (14h em Brasília), partindo da Praça Square Victoria, no centro da cidade, percorrendo ruas e avenidas ao som de palavras de ordem como “Gritemos mais alto, para que ninguém nos ignore” e “De quem é a rua? A rua é nossa!”. Os jovens levavam bandeiras e cartazes com várias mensagens. “Rejeitemos a austeridade” era a mais comum.

O clima era descontraído, com música e tambores e alguns jovens vestidos com fantasias inspiradas em personagens de desenhos animados. O percurso terminou oficialmente por volta das 15h (16h em Brasília), na Praça Emilie Gamelin, mas vários grupos de jovens ficaram nas ruas até mesmo depois de terminada a marcha. Um deles acabou tendo um rápido confronto com policiais e os manifestantes acabaram se dispersando.

O movimento também vem sendo chamado de Primavera 2015, em alusão à mobilização que ficou conhecida como Primavera de Bordo de 2012. Entre fevereiro e setembro daquele ano, 1.370 manifestações populares ocorreram na província para protestar contra medidas do governo da época que também atingiam os serviços sociais.


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