A Venezuela enfrenta problemas políticos e sociais, é verdade, mas a relação da América Latina com o país comandado por Nicolas Maduro deve ser de diálogo e não de sanções. A opinião é do ex-chanceler de Luiz Inácio Lula da Silva e ex-ministro da Defesa de Dilma Rousseff, Celso Amorim, que falou à Brasileiros. Na terça-feira (5), o ministro interino das Relações Exteriores, José Serra, embarcou com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para o Uruguai, onde se encontraram com o presidente Tabaré Vázquez para pedir mais tempo antes que o país vizinho passe o posto de presidente do Mercosul à Venezuela – o que aconteceria no próximo dia 12.
Para Amorim, a Venezuela deveria assumir a presidência, como previsto: “Existe uma situação séria na Venezuela e acho cabível que o Mercosul manifeste preocupação com relação a isso”, afirmou, sobre a crise política que ameaça o cargo do presidente chavista.
Mesmo assim, Amorim rejeita a proposta de Serra e FHC de impedir a posse dos venezuelanos no bloco econômico. “Suspender a posse seria uma sanção e sou contra sanções, que só provocariam reações mais extremas do Nicolás Maduro. A diplomacia tem que acontecer por meio do diálogo e da persuasão.”
Para o ex-chanceler, a Venezuela na presidência do Mercosul não traria dificuldades em negociações comerciais com a Europa: “Acho que isso é uma mistificação. Na realidade, a negociação não é feita nesse nível. São grupos técnicos, a Venezuela sequer participa dessa negociação. Como esse acordo começou a ser negociado antes, ela não participa”.
O ex-ministro classificou de “política” a decisão de Serra e FHC de viajarem para o Uruguai para pressionar Vázquez, o presidente uruguaio: “A grande mídia há muito tempo cobra uma atitude dura contra a Venezuela”, lembrou.
Sobre a participação do ex-presidente na reunião, Amorim diz que não há nada de irregular, ainda que não seja algo “corriqueiro”: “Não me lembro de jamais ter levado um ex-presidente comigo, mas é um assunto que não comento porque é da alçada íntima deles”.
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