Mais de 54 anos depois, Cuba e EUA reabrem embaixadas

Embaixada de Cuba em Washington - Foto: Reprodução/ Cubadebate
Embaixada de Cuba em Washington – Foto: Reprodução/ Cubadebate

Desde a meia-noite desta segunda-feira (20) que Cuba voltou a ter uma embaixada nos Estados Unidos e, da mesma forma, se abriu novamente a embaixada estadunidense em Havana, capital da ilha caribenha. Ainda nesta manhã, a bandeira cubana foi içada no prédio onde funcionava a antiga repartição do país em Washington – uma mansão no bairro de Adams Morgan, próximo ao centro da cidade. Da mesma forma, o prédio de seis andares dos EUA voltou a funcionar nesta manhã em Havana. O episódio acontece cerca de 54 anos depois que o presidente norte-americano Dwight Eisenhower rompeu relações diplomáticas com Cuba e seu sucessor, John Kennedy, levantou o embargo econômico existente até hoje.

Até semana passada, Cuba tinha apenas uma “seção de interesses” em Washington, que funcionava dentro da embaixada da Suíça. Igualmente, os EUA mantinham o prédio que outrora fora a embaixada, em Havana, com o mesmo rótulo: seção de interesses norte-americanos em Cuba. Segundo o portal cubano de notícias Cubadebate, o ato que levantou a bandeira do país foi precedido por gritos de “Viva Raúl”, “Viva Fidel” e “Viva Cuba”.

O jornal norte-americano New York Times, um dos mais importantes do país, diz nesta segunda que as embaixadas superam “meio século de rancor” e são resultado de “meses de negociações para acabar com anos de inimizade”. No entanto, acrescenta: “a maioria dos observadores dizem que acreditam que serão necessários muitos anos antes que a desconfiança mútua entre os países desapareça”.

Este es el momento en que se hiza la bandera cubana durante la reapertura de la embajada de Cuba en Washington. La misma…

Posted by OnCuba on Segunda, 20 de julho de 2015

Em Washington, o edifício funcionava como embaixada de Cuba nos Estados Unidos desde 1923, ainda no período do presidente cubano Alfredo Zayas, que ficou no poder entre 1921 e 1925. O local ficou fechado por um breve período de 1952, depois que o militar Fulgencio Batista empreendera um golpe na ilha naquele mesmo ano. Batista seria o presidente que, tempos depois, fugiria de Cuba derrotado pela revolução liderada por Fidel Castro.

A reabertura de embaixadas acontecerá em meio a uma festa para 700 convidados, entre autoridades e diplomatas. Apesar da proximidade com a Casa Branca, o presidente norte-americano, Barack Obama, não irá à festa. Por parte de Cuba, o enviado do governo foi o chanceler Bruno Rodríguez, que, segundo o Cubadebate, é o primeiro ministro de relações exteriores cubano a visitar a capital dos Estados Unidos desde a revolução de 1959.

Em Havana, a festa não será igual: segundo o New York Times, a bandeira norte-americana será içada apenas dentro de alguns meses, quando o secretário de Estado do país, John Kerry, vai a Cuba participar da inauguração. O edifício – na beira do mar – ficou marcado recentemente pela instalação de centenas de bandeiras cubanas na praça em que está construído – informalmente um recado do governo cubano à presença norte-americana na ilha.

A reabertura das embaixadas também altera outro tipo de relação: diplomatas poderão viajar livremente pelos países – antes precisavam de uma autorização especial. Desde o início do ano, turistas norte-americanos possuem uma maior permissão para levar produtos cubanos aos Estados Unidos, além de outras liberações de viagens.


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