Chefe do Charlie Hebdo defende publicação de caricaturas de Maomé

O lucro do terror - Depois dos ataques terroristas na semana passada em Paris - ao jornal humorístico Charlie Hebdo e a uma mercearia judaica, que juntos deixaram 17 mortos -, a primeira edição do jornal saiu com 3 milhões de exemplares e em cinco idiomas. Antes dos ataques, o Charlie Hebdo punha em circulação 60 mil exemplares todas as quartas. U la la
Capa do Charlie Hebdo após ataques – Foto: Divulgação

O chefe de redação do jornal francês Charlie Hebdo, Gérard Biard, defendeu a publicação das caricaturas do profeta Maomé. Segundo Biard, a divulgação dos desenhos contribui para defender “a liberdade de religião”. “Sempre que fazemos um desenho de Maomé, de profetas ou de Deus, estamos defendendo a liberdade religiosa”, disse Biard em entrevista à emissora de TV norte-americana NBC – a primeira concedida pelo chefe de redação a uma emissora dos Estados Unidos desde o ataque ao jornal, no último dia 7, no qual 12 pessoas foram mortas.

“Dizemos que Deus não deve ser uma figura política ou pública, mas sim uma figura privada. Nós defendemos a liberdade de religião”, afirmou Biard, ao defender que a religião não deve servir como argumento político.

As declarações de Biard foram divulgadas logo após protestos contra o jornal francês se espalharem por vários países muçulmanos, como a Jordânia, o Níger, a Mauritânia, o Senegal, a Turquia, o Irã e Paquistão. Seguidores do Islã acusam os profissionais do Charlie Hebdo de blasfemar contra sua religião e ridicularizar o profeta Maomé.

O primeiro número do jornal publicado após o ataque terrorista do último dia 7 tem na capa uma caricatura de Maomé, com lágrima no olho, segurando uma folha com a frase “Eu sou Charlie” sob o título “Tudo Está Perdoado”.

Líderes muçulmanos e importantes lideranças políticas e de outras religiões fizeram ressalvas à publicação em meio ao clima de tensão, destacando a importância de bom senso. Na quinta-feira (15), o papa Francisco afirmou que a liberdade de expressão é um direito fundamental, mas não dá o direito a “insultos à fé dos outros”. Classificando o ato de “matar em nome de Deus” de “uma aberração”, Francisco disse que a liberdade de expressão deve ser exercida sem ofender outras pessoas ou grupos.

Pesquisa divulgada pelo Le Journal du Dimanche aponta que quatro em cada dez franceses (42%) são favoráveis a que sejam evitadas publicações com caricaturas de Maomé. Segundo os dados, 57% dos entrevistados disseram considerar que as reações extremistas não devem ser levadas em conta e que as caricaturas devem continuar sendo publicadas.

A sondagem, feita por telefone com 1.003 pessoas, constatou que ao menos metade dos entrevistados é favorável a limites na liberdade de expressão na internet.

Os dois irmãos franceses que atacaram a redação do Charlie Hebdo e assassinaram jornalistas, policiais e outros funcionários do jornal, Chérif e Said Kouachi, foram enterrados sexta-feira (16) e sábado (17). Cherif foi sepultado pouco antes da meia-noite de sábado (17) num cemitério em Gennevilliers, nos arredores de Paris, onde vivia. Nenhum parente compareceu ao funeral. A cerimônia fúnebre foi cercada de medidas de segurança. A sepultura não está identificada. Já Said foi enterrado na sexta-feira em Reims, no Centro da França, também em túmulo não identificado.

Com Agência Brasil


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