Colômbia suspende mesa de negociações com as FARC

O presidente Juan Manuel Santos anuncia suspensão das negociações com as FARC, em Bogotá, na noite de domingo. Foto: Presidência de Colômbia
O presidente Juan Manuel Santos anuncia suspensão das negociações com as FARC, em Bogotá, na noite de domingo. Foto: Presidência de Colômbia

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou no início da madrugada desta segunda-feira (17) que suspendeu a roda de diálogos iniciada há quase três anos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) em Havana, capital de Cuba, depois que foi confirmado o sequestro de um general do Exército e dois acompanhantes dele por umas das frentes do grupo armado na tarde deste domingo (15). Santos também afirmou que a suspensão durará “até que fique claro o que aconteceu com o general e com os seus acompanhantes e que eles sejam liberados”.

Negociadores do governo colombiano, que viajariam nesta semana para Cuba, ficarão esperando ordens presidenciais em Bogotá. Além disso, as Forças Armadas foram acionadas para o resgate do general, que tem paradeiro desconhecido até o momento. “Já temos a informação de que foram as Farc que sequestraram o general. É uma atitude inaceitável”, disse Santos após uma reunião no Ministério da Defesa, na capital do país.

É o primeiro sequestro das FARC desde que o grupo iniciou o chamado “diálogo de paz” com o governo colombiano, em fevereiro de 2012, em Havana. Na ocasião, a Colômbia e os guerrilheiros assinaram um documento em que se comprometiam a trabalhar “pela paz” e pelos “direitos humanos”. Os governos da Venezuela e  da Noruega foram convidados para mediar o debate entre as partes. Na internet , há um site mantido pelo governo da Colômbia que recebe propostas da população para a mesa de conversações e divulga periodicamente os pontos acordados. Até este mês, quatro termos já haviam sido encerrados, e se iniciava o quinto ponto, que tratava sobre “vítimas” do conflito.

Sequestro

Segundo relato do jornal El Espectador, de Bogotá, o general Rubén Darío Alzate, comandante da Força de Tarea Titán, o capitão Jorge Rodríguez Contreras e a advogada Gloria Urrego foram sequestrados pela Frente 34, um dos braços das FARC, na tarde deste domingo, quando navegavam pelo Rio Atrato, na região de Las Mercedes, na província de Chocó, no norte da Colômbia. De acordo com o períodico, os três se dirigiam a um casarão em Las Mercedes em uma embarcação das Forças Armadas. Durante o percurso, o soldado que guiava o barco avisou ao general Alzate que a região em que eles passavam era comandada por um grupo das FARC, mas recebeu ordens do comandante para prosseguir viagem.

Assim que chegaram ao local, o general, a advogada e o capitão foram surpreendidos por guerrilheiros da Frente 34, que os tomou como reféns com fuzis. O soldado, porém, conseguiu fugir usando o bote que ainda estava na margem do rio. Depois disso não se soube mais nada sobre eles.

O general Rubén Dario Alzate é o segundo oficial de mais alta patente sequestrado pelas FARC na história do conflito entre o grupo e o Estado colombiano, atrás apenas de Luís Herlindo Mendieta, general-chefe da Polícia Nacional, que ficou doze anos em poder do grupo armado depois de ser raptado, em 1998. Alzate comanda a Fuerza de Tarea Titán do Exército Colombiano, que atua contra o crime organizado nas províncias de Chocó, região que faz divisa com o Panamá, e Antióquia, onde está situada Medellín, uma das cidades mais importantes da Colômbia.

Durante a entrevista coletiva concedida na madrugada desta segunda-feira, o presidente Juan Manuel Santos disse que o general Alzate “foi omisso por não considerar as advertências do soldado que guiava o barco ao longo do rio Atrato”, mas que “os únicos responsáveis pelo sequestro são as FARC, que terão que responder pela vida dele e dos outros dois reféns”.

Resgate

O presidente também ordenou “capacidade militar total” do Exército colombiano nas buscas ao general Alzate e seus acompanhantes. As missões se iniciaram já durante a madrugada e mobilizam o país a partir desta segunda. De acordo o comandante-geral das Forças Armadas, general Jaime Lasprilla, até entidades internacionais vão participar do resgate. “Ordenamos o alistamento dos serviços de inteligência, de meios aéreos e de operações especiais em terra para descobrir o paradeiro dos três sequestrados. Também já fizemos contato com a Comité Internacional de la Cruz Roja (CICR) para que essas pessoas sejam resgatadas com segurança”, afirmou.

O site oficial das FARC estava fora do ar durante a manhã desta segunda-feira, assim como o da Presidência da Colômbia. As páginas na internet do Exército colombiano não falavam sobre o tema.


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