O ano novo em Colônia, na Alemanha, no qual cerca de 100 homens promoveram uma série de ataques sexuais a mulheres, foi mais um episódio que acabou por colocar lenha na fogueira da onda xenofóbica causada pela crise migratória na Europa. A razão central foi o fato de alguns dos criminosos serem supostamente refugiados.
Embora seja apenas uma parcela ínfima e a grande maioria dos imigrantes e refugiados vivam conforme a lei, partidos e grupos de extrema-direita vêm ganhando força em toda a Europa à medida em que a União Europeia mostra-se incapaz de comandar a situação. Conforme explicou o diretor do Centro de Estudos de Refugiados em Oxford, Alexander Betts, em reportagem do The New York Times, os políticos tradicionais pouco fizeram para conscientizar a população sobre questão, bem como trazer elementos para o debate, o que acabou por deixar esse vácuo preenchido pela extrema direita.
Betts afirmou que, se os políticos não construírem a tempo um bom argumento que confronte o medo e a insegurança gerados pelos grupos anti-migração, o apoio público para a concessão de asilo aos refugiados pode deixar de existir. “O fato de serem muçulmanos a orquestrarem o atentado de 13 de novembro em Paris, bem como parte dos envolvidos nos ataques de Colônia, acaba sendo simbolicamente devastador para o compromisso público de asilo”, explica Betts.
Desde estes últimos episódios o controle de fronteiras tem sido mais rígido e os partidos de direita têm crescido em popularidade. O medo tem servido de motor a estes grupos. Mesmo assim, Peter Hacker, coordenador de refugiados designado de Viena, disse na reportagem que a cidade desenvolvera estratégias para coordenar as ondas de imigrantes em setembro do ano passado. “Acordamos então que haveria uma presença maior de policiais nos locais de grande circulação de imigrantes”, afirmou.
A Europa já suportou um tumultuado 2015, que incluiu não somente a crise dos refugiados, mas também a da dívida grega e mais duas ondas de ataques terroristas em Paris. Para a União Europeia, nenhuma crise tem sido mais ameaçadora do que a dos refugiados, que expôs as suas próprias deficiências institucionais para tratar de questões como a segurança externa e interna.
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