O ex-presidente do Egito, Mohamed Morsi, teve sua condenação à morte confirmada pelo Tribunal Penal do país nesta terça-feira (16) por sua fuga da prisão de Wadi el-Natroun, nas cercanias do Cairo, em 2011 e por incitação à violência. De acordo com o jornal egípcio Daily News, a decisão não substitui a pena anterior, de prisão perpétua, da qual ele havia sido penalizado pela acusação de espionagem. A decisão havia sido divulgada no mês passado, mas precisava passar por novo julgamento em junho – o que aconteceu nesta terça. Ele pode recorrer.
Outros 16 membros da Irmandande Muçulmana, grupo político do qual Morsi faz parte – entre eles líderes como El-Shater, Mohamed Al-Beltagy e Ahmed Abdel Aaty – também foram sentenciados a morrer. Além deles, outras 16 pessoas foram penalizados a cumprir prisão perpétua – que equivale a 25 anos na Justiça egípcia. Estão nesse grupo cidadãos como o guia espiritual da Irmandande, Mohamed Badie, e o ex-presidente do parlamento do país, Saad al-Katatni. Todos são acusados de fornecer relatórios de segurança nacional ao governo do Irã e de espionar documentos do Egito para os grupos Hamas e Hezbollah, com fins de “cometer ataques terroristas com o objetivo de espalhar o caos e derrubar o Estado”.
Morsi foi o primeiro presidente democraticamente eleito do Egito, em junho 2012, meses após a queda de Hosni Mubarak, no poder há três décadas e que foi deposto pelo Exército. À época, as manifestações tomaram a praça Tahrir, a principal do Cairo, capital do país, e deram início à chamada “Primavera Árabe”, que depois atingiu vizinhos como a Tunísia e a Líbia. Em julho de 2013, Morsi foi deposto pelo exército após uma série de decretos que tiraram privilégios das Forças Armadas. Morsi também sofreu com manifestações contrárias nas ruas, quando foi substituído por Abdel Fatah al-Sissi, chefe do exército.
Desde então, as forças de segurança egípicas passaram a perseguir os partidários da Irmandade Muçulmana. Segundo a entidade internacional Human Rights Watch, 1.400 islâmicos já morreram no Egito e outros 40 mil foram detidos.
Morsi, de 63 anos, se formou em Engenharia pela Universidade do Cairo em 1975 e, logo em seguida, viajou aos Estados Unidos, onde estudou Ciências Materiais na Universidade South Caroline. Em 2013, ele concluiu seu doutorado pela Universidade Nacional de Ciências e Tecnologia do Paquistão, em Islamabad. Profissionalmente, o ex-presidente egípcio chegou a dar aulas em universidades norte-americanas e trabalhou até na Nasa, na década de 1980, na elaboração de motores. Voltou ao Egito em seguida para ser chefe do departamento de Engenharia da Universidade de Zagazig.
Na política, começou a carreira em 2000, quando venceu sua primeira eleição para o parlamento do país. Esteve no cargo até 2005 com um mandato independente, já que a Irmandande Muçulmana estava proibida de disputar pleitos eleitorais. Em 2011, se tornou presidente do Partido Liberdade e Justiça, criado pela Irmandande para concorrer aos cargos políticos do país. Naquele mesmo ano, ele ainda seria preso com outros 24 líderes do grupo islâmico em uma prisão chamada Wadi el-Natroun, nas cercanias do Cairo, mas escapou dois dias depois. A imprensa local atesta que a fuga teve colaboração de gangues armadas.
No ano seguinte ele foi eleito presidente do Egito, vencendo o liberal Ahmed Shafik com 51,73% dos votos.
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