Cristina Kirchner muda discurso e agora diz que procurador não se suicidou

Cristina Kirchner, presidenta da Argentina - Foto: Reprodução/Twitter/@cfkargentina
Cristina Kirchner, presidenta da Argentina – Foto: Reprodução/Twitter/@cfkargentina


A presidenta da Argentina, Cristina Kircher, disse não acreditar que o procurador Alberto Nisman, encontrado morto no último domingo (18), tenha cometido suicídio. Uma semana antes de morrer, Nisman tinha acusado a presidenta e outros membros do governo de acobertarem iranianos que seriam os verdadeiros autores do atentado contra a sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em 1994, o qual provocou a morte de 85 pessoas e deixou 300 feridos.

Em uma carta divulgada nas redes sociais nesta quinta-feira (22), Cristina afirmou que a misteriosa morte “é uma verdadeira operação contra o governo”. “Estou convencida de que não foi suicídio”, afirmou a presidenta. Isso ocorre, porém, após o próprio governo ter defendido que a morte de Nisman fora suicídio. A  imprensa do Irã fez coro à declaração de Cristina sobre ele ter tirado a própria vida. 

O corpo de Nisman foi encontrado no banheiro de seu apartamento, no bairro de Puerto Madero, em Buenos Aires, com um tiro na cabeça. Ao lado do cadáver, havia uma pistola de calibre 22, que, no entanto, não lhe pertencia. As duas entradas do imóvel (principal e de serviço) estavam fechadas.

Análises preliminares indicavam o suicídio como a principal causa da morte. A Justiça argentina estava investigando se o procurador chegou a receber ameaças que poderiam ter levado-o à decisão de se matar. No entanto, uma perícia indicou que não havia vestígios de pólvora na mão de Nisman. As equipes também descobriram uma terceira porta na casa do procurador, que levaria para um apartamento habitado por um estrangeiro. Os policias estão analisando impressões digitais deixadas no vão da passagem.

 Em sua carta publicada nesta quinta, Cristina disse que o caso “se constitui um verdadeiro escândalo político e jurídico”. De acordo com Cristina, as denúncias de Nisman apenas fazem parte de uma operação muito maior contra seu governo, culminada com a morte do procurador, que, assim, incriminaria sua gestão.

“As denúncias do procurador Nisman nunca foram a verdadeira operação contra o governo”, disse a presidente, acrescentando que, provavelmente, o procurador “não sabia disso”. “A verdadeira operação contra o governo era a morte do procurador, depois de acusar a presidente, seu chanceler, seu secretário-geral”, afirmou Cristina. De acordo com a mandatária, todas as provas contra o envolvimento de seu governo no caso da Amia foram “plantadas”.

“Usaram o procurador Nisman apenas para denunciar algo que sabiam que não tinha sustento e que não perduraria. Usaram-no vivo e depois precisaram dele morto. É triste, terrível”, disse Cristina.

Arma

A pistola calibre 22 encontrada ao lado do corpo do procurador pertence a Daniel Angel Lagomarsino. Ele disse que Nisman pediu a arma emprestada para “se proteger” de ameaças.

Mas a Justiça ainda não conseguiu esclarecer o motivo do empréstimo, já que o próprio Nisman tinha duas armas registradas em seu nome.

“Por que ele pediria uma arma para se suicidar se Nisman tinha duas armas registradas em seu nome?”, questionou a presidente da Argentina.

O secretário-geral da Presidência, Aníbal Fernández, afirmou que “as coisas estão cada vez mais estranhas” e que há “muitas evidências ligadas a Lagomarsino. 


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