Democracia retrocede e influência da religião na política aumenta, indica estudo

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De 129 países pesquisados, apenas seis possuem boa governança. Foto: Ingimage

Democracia e modelos de economia social de mercado estão sendo desafiadas em todo o mundo. Ao mesmo tempo, a influência da religião sobre as instituições políticas e sistemas jurídicos só cresce. Essas são as conclusões do relatório de  Índice de Transformação Bertelsmann Stiftung do (IPV) 2016, que analisa 129 países em desenvolvimento e países em transição a cada dois anos.

De acordo com o IPV, muitos governos têm colocado restrições mais severas sobre direitos civis e políticos como um meio de consolidar o seu próprio poder. Mesmo nas democracias relativamente estáveis, muitos governos são incapazes de neutralizar conflitos políticos e sociais. Apenas seis estados foram considerados como “muito boa” a sua governança, de acordo com 250 especialistas que avaliam os países pesquisados ​​com base em 17 critérios. Em contraste, existem 46 países cujos governos tiveram avaliados como falhos ou fracos seus esforços para transformação.

Crises de transformação e conflitos também estão intimamente associados com os males sociais. A pobreza, a desigualdade e a falta de oportunidades econômicas, em particular, representam uma espécie de dinamite sociais, prontas para explodir em protestos contra a má governança.

“A democracia e a economia social de mercado encontram-se em retrocesso em todo o planeta”, diz um comunicado de imprensa da fundação, no qual se resumem as conclusões do estudo.

Apesar de nos países analisados, as democracias terem aumentado ligeiramente (de 72 para 74) e as autocracias terem diminuído de 57 para 55, a situação geral piorou relativamente a cada uma das respectivas formas de governo.

Desde o mais recente estudo – há dois anos –, as autocracias consideradas “duras” aumentaram de 58% para 73% e apenas 15 das 55 consideradas protegem em parte os direitos civis e se outorgam direitos políticos limitados.

Nas demais 40 autocracias, as detenções arbitrárias de jornalistas e ativistas dos direitos humanos são frequentes, segundo o estudo.

Sobre as democracias, o estudo indica que uma em casa duas é qualificada como ‘falha’ e na grande maioria dos países da Europa Oriental existe atualmente mais restrições à liberdade de imprensa e de expressão do que dez anos atrás.

O presidente da Fundação Bertelsmann, Aart De Geus, manifestou especial preocupação com a situação nos países vizinhos da União Europeia.

“Os países vizinhos da Europa tornaram-se mais conflituosos, menos estáveis e mais autoritários. O que preocupa é, principalmente, a crescente incapacidade para o debate social e político”, observou.

Essa situação, segundo o estudo, ajuda ao crescimento do populismo que, em muito países, já encontra terreno fértil na pobreza, desigualdade e na falta de perspectivas econômicas para boa parte da população.

O documento lamenta que os anos de prosperidade econômica mundial não tenham sido aproveitados para investir em educação e saúde e na luta contra a desigualdade social.

O estudo destaca ainda que a influência da religião na política aumentou em 53 países nos últimos dez anos e recuou em apenas 12.

Nos últimos anos, o escopo de opções disponíveis dos governos diminuiu, e o declínio das economias e potenciais motores de crescimento, tais como Argentina, Brasil, Índia, México, Rússia e África do Sul, têm sido constantes e significativas.

Com Agência Brasil.


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