Dois milhões de pessoas celebram queda do muro de Berlim

Representação do Muro de Berlim com bexigas brancas, que foram soltas no exato momento da queda da barreira. Foto: Alexander Rentsch
Representação do Muro de Berlim com bexigas brancas, que foram soltas no exato momento da queda da barreira. Foto: Alexander Rentsch

Cerca de dois milhões de pessoas, de várias partes da Alemanha e de diferentes países, participaram neste domingo (9) da grande festa em homenagem aos 25 anos da queda do Muro de Berlim. As ruas que circundam o Portão de Brandemburgo, onde um grande palco foi montado para abrigar apresentações artísticas durante todo o dia, foram tomadas pela multidão, que aguardava com ansiedade o lançamento aos céus dos oito mil balões que recriaram o trajeto do muro durante o fim de semana.

Pouco depois das 19h (16h da tarde em Brasília), com a presença do presidente Joachim Gauck, da chanceler alemã, Angela Merkel, e do ex-líder soviético, Mikhail Gorbachev, os pontos de luz ganharam os céus, relembrando a derrubada do muro e emocionando a multidão. Pessoas se apertavam em busca do melhor ângulo para registrar com suas câmeras o momento histórico. Alguns aplaudiam e outros se abraçavam.

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A festa, que começou cedo e avançou pela noite, contou com várias apresentações, entre elas a do cantor britânico Peter Gabriel, que encantou com uma versão da música Heroes, de David Bowie, acompanhado pela Ópera Estatal de Berlim. Um minuto de silêncio foi feito em honra aos que morreram tentando atravessar o muro. O brasileiro Luiz Alberto, que viu a barreira de concreto de perto quando era criança, em uma viagem à capital alemã, estava fascinado. “Eu vim aqui só pra acompanhar esse evento. É super emocionante, estou vendo a história acontecer”, disse.

Ao subir ao palco, Gorbachev, que é reconhecido pela sua importante contribuição para a abertura da ex-União Soviética, foi aclamado pela multidão, mas não discursou. No dia de intensas comemorações, Angela Merkel fez um único discurso durante um evento pela manhã, no Memorial do Muro de Berlim. Ela afirmou que o dia de comemoração da queda do muro é também um dia para pensar nos que morreram com sede de liberdade. “A queda do Muro nos mostrou que é possível realizar sonhos e que nem tudo deve ficar como está. Esse pensamento, nós queremos dividir com nossos parceiros em todo o mundo”, concluiu a chanceler.

“Guerra-Fria”

No sábado (8), Mikhail Gorbachev também participou de um evento em homenagem ao fim do muro e disse que o mundo “está à beira de uma nova Guerra-Fria”. “O derramamento de sangue na Europa e no Oriente Médio junto com o fim do diálogo entre as nações mais poderosas é motivo de enorme preocupação”, disse. “O mundo está à beira de uma nova Guerra Fria. Alguns estão até mesmo dizendo que ela já começou”, concluiu ele.

Ele também criticou o modo como os Estados Unidos – vencedores do conflito sem armas com a União Soviética durante metade do século XX – lidam com as situações que são colocadas no mundo atual, e afirmou que o continente europeu está no centro da crise. “Quem sofre mais com o que está ocorrendo? A resposta é uma só: a Europa. A Europa vai se enfraquecer e se tornar irrelevante se isso continuar”, afirmou.


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