Erundina quer ajuda de países para desvendar crimes da Operação Condor

Foto Reprodução

A presidenta da Comissão da Verdade da Câmara, deputada Luíza Erundina (PSB-SP), disse nesta sexta-feira, dia 29, que os debates que ocorrerão em meio ao Seminário Internacional Operação Condor, marcado para os dias 4 e 5 de julho, podem trazer à tona informações sobre desaparecidos políticos no período da ação, ocorrida nos anos 60. Articulada pelos governos militares do Brasil, da Argentina, do Chile, Paraguai e Uruguai, com o apoio do governo norte-americano, a Operação Condor tinha como objetivo coordenar a repressão a opositores dessas ditaduras e eliminar líderes de esquerda instalados nos seis países do Cone Sul.

“A gente espera conseguir informações e localizar pessoas que foram vítimas da Operação Condor. Temos brasileiros que foram vítimas da repressão política, que desapareceram, foram eliminados e esperamos obter informações que virão de outros países. Esperamos que esse seminário traga luz a esses fatos horríveis”, destacou Erundina, uma das organizadoras do seminário.

Segundo ela, de acordo com registros fornecidos por sobreviventes e familiares, existem ainda cerca de 140 brasileiros desaparecidos no período da Operação Condor. “Quem sabe com essa iniciativa de trazer especialistas, advogados, jornalistas, pesquisadores se desvende fatos ainda obscuros e também se crie uma opinião pública para uma ação articulada entre o Brasil e outros países?”, argumentou a deputada.

Em dois dias de encontro, serão feitos debates sobre a perspectiva história da operação e também discussões sobre a ação político-militar ocorrida no Brasil, na Argentina, no Paraguai, Uruguai e no Chile. Também será debatida a participação dos Estados Unidos na Operação. Para Erundina, o debate visa também a tornar a Operação Condor mais conhecida na sociedade.

“Queremos tornar essa operação mais conhecida. É escasso o conhecimento da maioria dos brasileiros a respeito da Operação Condor. Ela foi tão decisiva na perseguição dos opositores aos regimes. Os governos dos países envolvidos estão a dever a seus povos uma posição pública de perdão ”, disse. Ela acrescentou que busca a parceria da Comissão de Anistia.

Nos debates, divididos em sete mesas (Perspectiva Histórica, Argentina, Uruguai, Paraguai, Brasil, Chile e Estados Unidos), participarão políticos, historiadores, jornalistas, juíses, integrantes de entidades de defesa dos direitos humanos e escritores dos seis países. Entre eles, os brasileiros Marco Maia, Presidente da Câmara dos Deputados; Domingos Dutra, Presidente da Comissão de Minorias e Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, e Paulo Abraão Junior, Presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.

A deputada acredita ainda que o debate poderá abrir a discussão a respeito da possibilidade de revisão da Lei da Anistia no Brasil. Segundo ela, que é autora de um projeto de lei sobre o tema, o Brasil desrespeita acordos internacionais ao permitir que autores de crimes contra a humanidade sejam beneficiados pela Lei da Anistia.

“Vamos pressionar a sociedade [pela mudança da Lei da Anistia]. Essa é uma das bandeiras. Temos que criar uma grande campanha exigindo a mudança, uma reinterpretação do Artigo 1º da lei, que anistia os que cometeram crime de lesa-humanidade”, explicou Erundina.

Agência Brasil


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