O governo da Espanha anunciou nesta quarta-feira (22) a convocação para consultas do embaixador do país em Caracas, na Venezuela, Antonio Pérez Hernández – gesto reconhecido como agravo nas relações diplomáticas entre duas nações – dois dias depois de o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusar o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, de “apoiar uma conjuntura internacional” para derrubá-lo do cargo e chamá-lo de “bandido”.
O anúncio foi feito pelo ministro dos Assuntos Exteriores da Espanha, José Manuel García-Margallo, durante reunião em Madrid. Segundo ele, a medida foi tomada ante a “escalada de declarações intoleráveis contra a Espanha por parte das autoridades venezuelas e, em particular, do presidente Nicolás Maduro”. Segundo o jornal espanhol El País, é a primeira vez que o governo do Partido Popular (PP) convoca um embaixador para consultas, posição que ocupa desde 2011. “As qualificações que utilizam as autoridades venezuelas são absolutamente intoleráveis e, tendo em conta o grau de irritação verbal de Maduro, decidimos chamar nosso embaixador”, completou Margallo.
A Oficina de Informação Diplomática (OID) da Espanha ainda difundiu um comunicado expressando seu “firme rechaço ao aumento de insultos, calúnias e ameaças dirigidas contra Espanha e suas instituições” e que “deseja manter as melhores relações possíveis com o governo da Venezuela, mas que expressa preocupação pela situação” no país sul-americano.
As declarações de Madrid são respostas às palavras de Nicolás Maduro, que disse na segunda-feira (20) que Mariano Rajoy, chefe do governo espanhol, “está atrás de uma conjuntura internacional para derrubar o governo institucional” presidido por ele. O mandatário venezuelano ainda disse que Rajoy “colabora com o terrorismo” no país, que a Espanha “financia e apoia logisticamente e diplomaticamente uma conspiração” e, enfim, que o dirigente espanhol “pertence a um grupo de corruptos, bandidos e ladrões”. “Eu estou preparado para armar uma batalha contra Madrid. Se nos buscam, nos encontram. Seus abusos acabaram, Rajoy!”, vociferou ele durante transmissão em cadeia nacional (veja abaixo). No mesmo dia, a Venezuela declarou persona non grata o ex-chefe de governo da Espanha, Felipe González, que aceitou recentemente defender opositores venezuelanos presos.
Na quarta-feira passada (15), o parlamento espanhol também pediu a “liberação imediata” de líderes opositores venezuelanos, como Leopoldo López e Antonio Ledezma, que estão encarcerados no país sul-americano.
Manifestações de Maduro contra Rajoy, na segunda-feira:
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