O presidente norte-americano, Barack Obama, e o republicano Mitt Romney, que disputam as eleições nos Estados Unidos, no próximo dia 6, enfrentaram-se na noite desta segunda-feira, dia 22, no último debate. Segundo analistas políticos, foi um debate sem brilho sobre temas de política externa, indicando que ambos querem evitar que o país se envolva em um novo conflito militar no mundo, embora ocorram instabilidades e ameaças.
Refletindo o cansaço dos norte-americanos após mais de uma década de envolvimento no Iraque e Afeganistão, os adversários indicaram que querem manter o papel de liderança do país na comunidade internacional, mas sem envolvimento militar direto.
Romney acusa o governo Obama de tratar os regimes sírio e iraniano com leniência. Mas ontem indicou que discorda menos das políticas do atual governo do que o seu discurso indica. Ao analisarem a crise na Síria, por exemplo, e o papel dos Estados Unidos na Primavera Árabe, ambos os candidatos concordaram que o governo norte-americano deve ajudar as transições nos países árabes, mas manter distância de se envolver militarmente.
Mesmo as declarações em relação à Líbia, onde um ataque, em setembro, matou um embaixador norte-americano e funcionários da representação diplomática dos Estados Unidos na cidade, foram menos enfáticas do que nos dois debates anteriores.
Os candidatos mantiveram também um discurso semelhante em relação às retiradas das tropas do Iraque e do Afeganistão, assim como sobre a necessidade de continuar cooperando com o Paquistão. “Parte da liderança americana é garantir que estamos construindo nosso país dentro de casa”, disse Obama.
“Na última década, experimentamos promover a construção de Estados-Nações em lugares como o Iraque e o Afeganistão. E negligenciamos, por exemplo, desenvolver a nossa própria economia, nosso próprio setor energético, nosso sistema educacional”, prosseguiu o presidente. “É muito difícil projetarmos liderança no mundo se não estivermos fazendo o que precisamos fazer aqui.”
Porém, temas como o Irã e a China estimulam Romney a fazer críticas ao governo Obama.
O republicano disse que classificará a China como manipuladora de câmbio já no seu primeiro dia de trabalho. Sobre o Irã, Romney condenou Obama por não adotar sanções mais firmes em represália ao programa nuclear iraniano. “Hoje, eu endureceria essas sanções. Proibiria navios que carregam petróleo iraniano de virem para os nossos portos”, disse.
Obama replicou as declarações informando que os Estados Unidos adotaram sanções unilaterais ao Irã e que as medidas não funcionaram. Segundo ele, enquanto seu governo negociava sanções internacionais, o republicano investia seu dinheiro na companhia de petróleo chinesa, que tem negócios com a iraniana.
Os candidatos também divergiram sobre os gastos militares. Romney acusou Obama de tornar o país menos seguro por propor um corte de gastos de US$ 1 trilhão no orçamento de defesa americano.
Romney apontou que a Marinha norte-americana é a menor desde 1917 e que a Força Aérea dos Estados Unidos está mais enxuta do que quando foi criada, em 1947. “Acho que o governador Romney não passou muito tempo estudando como funcionam as Forças Armadas”, disse Obama.
Para o presidente, o investimento de US$ 2 trilhões nas Forças Armadas, proposto por Romney, é incongruente com seu plano de corte de US$ 5 trilhões em impostos e reequilíbrio orçamentário.
A América Latina foi mencionada apenas uma única vez. Romney citou seu plano de cinco pontos para reviver a economia norte-americana, dos quais um é elevar o comércio exterior, principalmente com os vizinhos.
Agência Brasil
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