A promotora Viviana Fein, responsável pela investigação da morte do procurador argentino Alberto Nisman, no dia 18 do mês passado, afirmou nesta quarta-feira (4) que pretende convocar o ex-agente Antonio Stiusso, ex-agente do serviço de inteligência da Argentina. Foi ele quem falou ao telefone com o procurador pela última vez, na noite da morte. Segundo a imprensa argentina, ele será chamado para depor ainda nesta semana.
Nesta quarta-feira, o advogado de Stiusso, Santiago Blanco Bermúdez, disse que acha difícil que seu cliente compareça ao Judiciário para depor nos próximos dias. Em entrevista a rádio Vorterix, de Buenos Aires, Blanco afirmou que Stiusso “sempre foi um excelente funcionário público, além de um homem honesto e que cumpriu com a lei permanentemente”, além de revelar que ele pedirá “um sistema especial de proteção” para colaborar com as investigações.
Segundo o jornal argentino La Nacion, Stiusso era diretor operacional da Secretaria de Inteligência Argentina até o dia 19 de dezembro e mantinha uma relação próxima com Nisman. Em uma de suas últimas entrevistas, o procurador havia dito que Stiusso foi quem o apresentou a Néstor Kirchner como “a pessoa que mais sabia do caso AMIA” e chegou a dizer que ele era “um excelente profissional”.
Stiusso é apontado pela Casa Rosada como o principal suspeito pela morte de Alberto Nisman, por diversas hipóteses distintas. O governo argentino acredita que o procurador foi usado por Stiusso para plantar pistas falsas sobre o caso e, assim, acusar a presidente Cristina Kirchner, depois de sua saída do cargo que teve por 20 anos. Na semana passada, o jornal El País publicou um pequeno perfil do ex-agente, onde ele aparece como uma pessoa poderosa nos bastidores do poder. “O poder de Stiusso era conhecido e temido a ponto de a Casa Rosada interpretar a denúncia de Nisman como uma vingança por sua destituição. Stiusso tinha fama de ser um osso duro de roer”, diz um trecho do documento.
Nesta quarta-feira, um canal de televisão argentino divulgou imagens de Nisman chegando ao aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, no dia 12 de janeiro. Ele voltava de férias na Europa e apresentaria – sete dias depois – a denúncia contra a presidente Cristina Kirchner por acobertar iranianos envolvidos no atentado contra uma associação israelita, em 1994. A procuradoria do caso estranhou o fato de as câmeras de segurança do aeroporto estarem o tempo todo focadas em Nisman. A promotora Viviana Fein não se pronunciou sobre o vídeo.
Em visita oficial a China, Cristina Kirchner não deu mais declarações sobre o assunto.
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