A Human Rights Watch, organização internacional não-governamental sobre os direitos humanos, divulgou nesta sexta-feira (16) que o governo da Indonésia vai fuzilar o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira no domingo (18), ainda sem horário definido. Ele será morto com outros cinco acusados de tentar entrar com drogas no país – Archer foi preso em agosto 2003, em Jacarta, com 13,4 quilos de cocaína.
O governo brasileiro segue intercedendo pela vida de Marco para as autoridades da Indonésia, mas sem sucesso até agora. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta Dilma Rousseff enviaram cartas aos presidentes do país asiático nos últimos anos pedindo a reversão da sentença, mas não tiveram respostas. “O governo brasileiro continua mobilizado, acompanhando estreitamente o caso, e avalia todas as possibilidades de ação ainda abertas. De modo a preservar sua capacidade de atuação, o governo brasileiro manterá reserva sobre as decisões tomadas”, informou o Itamaraty, por meio de nota, nesta quinta-feira (15).
No texto, a Human Rights ainda revela que, enquanto o governo indonésio prepara o fuzilamento dos presos, está trabalhando para evitar que uma cidadã do país seja morta pelo governo da Arábia Saudita. Satinah Binti Jumadi Ahmad, uma trabalhadora doméstica indonésia está no corredor da morte saudita desde 2010 por assassinar e roubar seu marido no Oriente Médio. Nesta semana, a Indonésia fez um apelo formal para o rei Abdullah perdoar Ahmad e prometendo o pagamento de indenização para a família da vítima, que pode chegar a US$ 1,9 milhões.
Ainda segundo a entidade internacional, o presidente da Indonésia, Joko Widodo, considera que a pena de morte é “uma terapia de choque importante” para os infratores da legislação antidrogas do país e que pessoas que cometem este crime “destroem o futuro da nação”. A última execução do governo local foi em 2013, quando um cidadão de Malaui foi fuzilado após tentar entrar no país com um quilo de heroína.
Marco Archer
O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira trabalhava como instrutor de voo livre, e foi preso em agosto de 2003 por tentar entrar na Indonésia, pelo aeroporto de Jacarta, com 13,4 quilos de cocaína, escondidos em uma asa delta desmontada em sete bagagens. Marco Archer ainda conseguiu fugir do aeroporto, mas foi localizado após duas semanas, na ilha de Sumbawa. Ele confessou o crime e disse que recebeu US$ 10 mil para transportar a cocaína de Lima, no Peru, até Jacarta. No ano seguinte, ele foi condenado à morte.
A primeira vez que o governo brasileiro pediu ao presidente da Indonésia clemência para Marco Archer foi em marco de 2005, quando o presidente Lula enviou carta ao presidente da Susilo Bambang Yudhoyono. Apesar de não desconhecer a gravidade do delito cometido, Lula apelou ao sentimento de humanidade e amizade do presidente indonésio. Em 2012, a presidenta Dilma aproveitou um encontro bilateral com o presidente Yudhoyono, à margem da 67ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, e entregou nova carta apelando para que o brasileiro não seja punido com a pena de morte.
Yudhoyono, no entanto, não atendeu aos pedidos, e o atual presidente, Joko Widodo, que asumiu o cargo em 2014, é considerado ainda mais rígido em relação ao combate às drogas, já tendo afirmado que rejeitará todos os pedidos de clemência das 64 pessoas condenadas à morte no país, por crimes relacionados com drogas. Marco Archer pode ser o primeiro brasileiro executado por crime no exterior. De acordo com o jornal australiano The Sidney Morning Herald, o advogado do brasileiro, Utomo Karim, disse que ele está em estado de choque e com medo. Segundo Karim, Marco Archer pediu ao Consulado do Brasil em Jacarta para que o governo brasileiro faça todo o possível para que ele não seja morto.
Além dele, outro brasileiro, Rodrigo Gularte, de 42 anos, também está no corredor da morte na Indonésia, por tentar entrar no país, em julho de 2004, com seis quilos de cocaína escondidos em uma prancha de surfe. De acordo com o último levantamento do Itamaraty, havia 3.209 brasileiros presos no exterior até o fim de 2013.
Com agências de notícias
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