Exército de Israel não diferenciava civis de combatentes em Gaza, dizem testemunhas

Faixa de Gaza - Foto: Reprodução/.theguardian.com
Faixa de Gaza – Foto: Reprodução/theguardian.com

Mais de 60 testemunhas ouvidas pelo grupo de direitos humanos Breaking the Silence questionam as ações do Exército de Israel durante a última guerra na Faixa de Gaza, encerrada em setembro do ano passado. Segundo os entrevistados, as táticas de combate israelenses não respeitavam as leis internacionais de segurança que distinguem e protegem civis, segundo o jornal britânico The Guardian.

As informações coletadas de membros do próprio Exército alegam que as tropas de Israel tratavam tudo que havia em Gaza como “ameaça” e que os combatentes não deveriam poupar munição. Os soldados consideraram as táticas de ataque “vagas” e inexistentes, sendo que alguns foram instruídos a tratar qualquer pessoa vista vagando pelos arredores de Gaza como alvos.

O conflito na Faixa de Gaza no ano passado durou 50 dias e acabou com 2.200 palestinos mortos. Após o conflito, oficiais do exército teriam apontado que o alto número de óbitos eram “conquistas” que deixariam Gaza “quieta por cinco anos.”

Nas declarações coletadas, um sargento afirmou que a ordem era para que a área fosse “esterilizada” e que, se uma pessoa fosse vista e não estivesse balançando uma bandeira branca gritando “eu desisto”, havia autorização para abrir fogo. Outro sargento disse que foi encorajado a matar civis por seus superiores. “Se parecer com um homem, atire”, declarou.

De acordo com o advogado de diretos humanos da Break the Silence Michael Sfard, o Exército israelense presumiu que não havia civis nas áreas urbanas onde a batalha ocorria porque os palestinos foram alertados para deixar o local. Ainda segundo Sfard, as regras de combate impostas pelos israelenses permitiam o ataque sob praticamente quaisquer circunstâncias.

O Exército de Israel respondeu às acusações, afirmando que tem compromisso de investigar as declarações levantadas pela mídia. Segundo o órgão, soldados e comandantes tiveram a oportunidade de apresentar reclamações após as operações. Os incidentes foram transferidos para inquérito nas áreas responsáveis.

Na semana passada, a Organização das Nações Unidas (ONU) responsabilizou Israel por ataques a sete escolas da instituição na Faixa de Gaza, durante a ofensiva militar do verão de 2014. A investida deixou pelo menos 44 mortos e 227 feridos entre os civis palestinos que usavam as escolas como abrigo.
A comissão que analisou o caso admitiu que combatentes palestinos utilizavam duas dessas escolas para lançar ataques. Os investigadores apuraram que, em alguns dos casos, não houve atividade de grupos palestinos que justificassem a ofensiva de Israel.


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