O general Rubén Dário Alzate, sequestrado há duas semanas pela Frente 34, uma das ramificações das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na província de Chocó, norte colombiano, foi libertado no início da noite deste domingo (30) junto com a advogada Gloria Urrego e o oficial Jorge Rodriguez. No sábado, o grupo armado havia liberado outros dois soldados que também estavam sequestrados. O anúncio foi feito pelo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, via Twitter. “Libertados em perfeitas condições, aguardam uma melhoria das condições climáticas para regressarem para junto das suas famílias”, escreveu.
O sequestro do general, o de mais alta patente a cair nas mãos da guerrilha em meio século, levou à interrupção do diálogo entre o governo e as Farc, iniciado há cerca de dois anos em Havana, capital de Cuba, com mediação da Noruega e da Venezuela, além da presença dos cubanos. Segundo números oficiais, o conflito entre o grupo e o Estado colombiano resultou em mais de 220 mil mortos e 5,3 milhões de refugiados, segundo números oficiais.
Para o professor Elias David Morales, da Universidade Federal do ABC (UFABC), a libertação dos oficiais em um período pequeno de sequestro revela que as Farc estão interessadas em resolver a luta armada. “Ainda é cedo para dizer que foi um recuo das Farc, mas o que chama mais atenção é que a guerrilha está entendendo o novo contexto em que o conflito está, distinto da lógica da Guerra Fria e do início do século XXI, em que elas entraram fortalecidas. Eles entenderam que precisam se aproximar da sociedade e negociar com o governo, porque o tempo está contra eles”, disse. “As Farc sabem que precisam negociar e o governo também está entendendo que tem condições de acabar com o conflito como nenhum outro governo teve”, completou.
Manuel Santos ainda não anunciou o retorno dos diálogos em Havana, suspensos desde o dia 16, quando foi confirmado o sequestro por parte das Farc. Durante as duas semanas do rapto, diversos membros da mesa de negociações avisaram que as conversas voltariam logo após a libertação de Alzate. Dos cinco pontos que haviam sido propostos para o debate em 2012, três (terra, participação política e drogas ilícitas) já estavam solucionados, faltando apenas os dois considerados mais complicados (reparação de danos às vítimas e desarmamento), além do pacto das Farc em não sequestrar civis.
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