O Google vem coletando informações sobre os hábitos de navegação de estudantes jovens, mesmo tendo se comprometido com a privacidade dessas crianças, acusa a organização norte-americana Electronic Frontier Foundation (EFF), com sede em San Francisco.
O grupo de direitos digitais alega que o uso dos dados, coletados por meio do programa Google for Education, coloca a empresa em violação da Seção 5 do ato Federal Communications Act. Por isso, mesmo, pediu para a Comissão Federal de Comércio (FTC) investigar o caso.
“Apesar de ter prometido publicamente não fazer, o Google escava os dados de navegação e outras informações dos estudantes, e usa isso para objetivos próprios da empresa”, afirma a EFF. Google e Microsoft possuem programas extensivos para educadores. A gigante de buscas vende Chromebooks e tablets de baixo custo, e oferece aplicativos gratuitos que professores e alunos podem usar na sala de aula.
As ferramentas podem ser uma benção para escolas sem dinheiro, que se inscreveram em massa no programa. No mês passado, o Google anunciou que mais de 50 milhões de alunos e professores do mundo estavam usando o Google Apps for Education, juntamente com 10 milhões de Chromebooks.
Mas a EFF tem alguns problemas com a maneira como o Google entrega esses serviços. A organização afirma que a empresa registra tudo que os estudantes fazendo enquanto estão conectados em suas contas Google, independentemente do aparelho ou navegador usado, incluindo históricos de buscas, os resultados em que clicam e os vídeos reproduzidos no YouTube.
O Google agrega e torna anônimos os dados coletados por meio dos seus serviços de educação, aponta a EFF, mas não quando os estudante estão usando outros serviços da empresa. E o grupo de direitos também argumenta que realmente tornar os dados anônimos é “algo difícil a ponto de ser impossível”, especialmente quando essas informações estão ligadas a contas identificadas no momento da coleta.
As práticas do Google “desrespeitam os compromissos feitos com a assinatura do Student Privacy Pledge”, afirma a EFE, em referência a um documento assinado por 200 empresas, incluindo Google, Microsoft e Apple.
Por conta disso, afirma a EFE, a coleta de dados dos estudantes pelo Google representa uma prática comercial injusta ou enganosa. A organização quer que a FTC investigue o assunto, obrigue o Google a destruir os dados coletados dos alunos, e impeça a gigante de continuar com essa prática.
Procurado pela reportagem, o Google se recusou a discutir os detalhes das acusações da EFE, mas publicou um comunicado: “Nossos serviços permitem que estudantes de qualquer lugar aprendam e mantenham suas informações privadas e seguras. Enquanto agradecemos o foco da EFE na privacidade dos alunos, temos confiança de que essas ferramentas estão dentro da lei e das nossas promessas, incluindo o Student Privacy Pledge.”
Deixe um comentário