Governo britânico admite conceder poderes para Escócia

Guarda escocesa realiza evento nas ruas de Edimburgo. Foto: Chris Watt/ Scottish Government
Guarda escocesa realiza evento nas ruas de Edimburgo. Foto: Chris Watt/ Scottish Government

O governo britânico admitiu que pretende conceder mais poderes para a Escócia em caso de vitória do “não” sobre o “sim” no referendo que vai decidir pela independência ou permanência do país sob jugo inglês no dia 18, próxima quinta-feira. Segundo a última pesquisa do instituto YouGov de intenção de voto feita em território escocês e divulgada pelo tabloide Sunday Times, 51% dos escoceses estão propensos a escolher pela separação política da Inglaterra, contra 49% dos contrários a decisão, dados distintos dos que foram divulgados no começo do ano, quando o cenário era mais pessimista.

As estatísticas favoráveis do YouGov contrastam com as de outro instituto, o Panelbase, que também divulgou neste final de semana uma vantagem de 52% para 48% dos que querem que a Escócia permaneça atrelada a Londres. Entre os indecisos, se verifica uma tendência de 47% pelo “sim” e 45% pelo “não”, números que deixam as estatísticas totalmente abertas para o dia da votação.

A tendência de aumento dos que querem a independência, no entanto, já começou a afetar o setor financeiro, além do alarme na classe política, em Londres. Nesta segunda-feira (8), a libra esterlina caiu 1,4% em relação ao dólar, para US$ 1,61, o menor nível desde novembro.As ações de instituições financeiras com sede na Escócia, como o Royal Bank of Scotland e Standard Life também caíram cerca de 3% na Bolsa de Londres. Entrevistado no programa político dominical da BBC, Andrew Marr The Show, o ministro da fazenda inglês, George Osborne, prometeu mais poderes para a Escócia caso o país rejeite a ideia de ser um país livre da Inglaterra. “Teremos nos próximos dias um plano de ação para dar mais poderes para a Escócia. Mais poderes fiscais, mais poderes de gastos, mais planos para poderes sobre o estado de bem-estar”, disse ele, acrescentando que não pretende compartilhar a moeda inglesa com a Escócia.

O primeiro-ministro escocês, Alex Salmond respondeu imediatamente. “Esta é uma medida de pânico feita porque o lado do ‘sim’ está ganhando. Eles estão tentando nos subornar, mas isso não vai funcionar, pois não têm credibilidade para a esquerda”, disse ele.

O tabloide Sunday Times afirmou neste domingo (7) que vários membros do governo inglês já falam na possibilidade de o primeiro-ministro David Cameron renunciar ao cargo em caso de vitória do “sim”. O diário comparou a situação atual com a do Lord Frederick North, o primeiro-ministro inglês que teve de renunciar, em 1782, depois que a Câmara dos Comuns aprovou uma moção de censura contra ele pela perda das colônias na América, hoje EUA.

Pesquisas

Na terça-feira passada (2), o instituto YouGov, até então uma empresa que havia pintado um quadro pessimista das perspectivas dos que votariam no “sim” gerou excitação ao publicar uma pesquisa que mostrou um desequilíbrio de oito pontos do “não” para o “sim” em apenas um mês. Hoje, é o primeiro instituto de pesquisas que coloca o “sim” à frente.

Nesta última simulação, encomenadada pelo jornal Sunday Times, o “sim” está em 47%, não em 45%. Isso representa um aumento de cinco pontos em apoio ao “sim”, desde a pesquisa anterior, feita pelo YouGov há uma semana. Yes estão no 51%, no 49%, o que representa um balanço de quatro pontos na pesquisa anterior, nada menos do que um desequilíbrio de 12 pontos no período de um mês.

No entanto, em outra pesquisa realizada pela empresa Panelbase, até então a instituição que sempre produziu o quadro mais otimista para o “sim”, mostrou um quadro muito diferente do que aconteceu nas últimas semanas: os adeptos da independência são estimados em 44%, ainda um pouco atrás dos contrários, com 48%. São dois pontos de diferença em relação a pesquisa feita pelo instituto em meados de agosto. Ou seja, de acordo com Panelbase houve pouco ou nenhum movimento nos últimos dois ou três semanas.


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