“Governo não vai consentir com independência da Catalunha”, diz partido de Rajoy

Pessoas comemoram eleições parlamentares na Catalunha - Foto: Junts pel Sí
Pessoas comemoram eleições parlamentares na Catalunha – Foto: Junts pel Sí

O Partido Popular (PP) espanhol, do primeiro-ministro Mariano Rajoy, alertou nesta segunda-feira (28) que o governo “não vai consentir” que se continue o processo de independência da Catalunha, apesar dos resultados das eleições regionais apontarem para uma vitória dos independentistas. O alerta foi anunciado pelo vice-secretário para Comunicação do PP, Pablo Casado, durante entrevista concedida na sede nacional do partido, em Madri. Aos jornalistas, Casado afirmou que, apesar dos resultados das eleições catalãs de domingo (27), “amanhã tudo estará igual”.

Segundo Pablo Casado, o presidente do parlamento regional catalão e líder do grupo Juns pel Sí, Artus Mas, “fracassou” ao não conseguir maioria absoluta e “também não ganhou [a votação] do ponto de vista plebiscitário”. O dirigente do PP acrescentou que, tanto o PP quanto o governo continuarão fazendo o que têm feito: governar e garantir o cumprimento da lei. “Vamos continuar a garantir a legalidade, defendendo a unidade da Espanha e pedindo tranquilidade aos espanhóis, porque o governo continuará garantindo o Estado de Direito e a liberdade na Espanha”, acrescentou Casado.

Com 95% dos votos escrutinados nas eleições da Catalunha, os partidos independentistas conseguiram 72 deputados (62 da Junts pel Sí, de Artur Mas, e dez da Candidatura de Unidade Popular – CUP). No entanto, as duas formações não obtiveram mais do que 47,8% dos votos, enquanto o resto das formações que não defendem esse caminho conquistaram 52,2% dos eleitores.

Durante a campanha, os dirigentes da Junts afirmaram que, caso os independentistas obtivessem a maioria absoluta no parlamento, iniciariam, em 18 meses, um processo de negociações com Espanha, com a União Europeia (UE) e com os estados-membros sobre a independência da Catalunha.

Separatistas

Líder da coligação Junts pel Si, Raul Romeva, informou que a vitória nas eleições catalãs significa que os independentistas obtiveram o “mandato democrático” que queriam para prosseguir com o projeto da independência da região. Romeva discursou após dois outros líderes da coligação, o dirigente da Esquerra Republicana Catalana, Oriol Junqueras, e o atual presidente da Generalitat (governo regional), Artur Mas, que falaram sobre a vitória na praça próxima ao Centro Cultural de Born, em Barcelona.

“As pessoas têm o direito de ser ouvidas. Hoje falaram. Ganhou o ‘sim’ e nós tivemos um mandato democrático. Ninguém pode nos dizer que não temos a legitimidade para fazer o que tínhamos previsto”, que é construir um novo estado, afirmou o político catalão. De acordo com Raul Romeva, houve uma “campanha hostil por parte do bloco do ‘não’ [à independência], cheia de mentiras”, mas os cidadãos não se amedrontaram e votaram “conscientes de uma oportunidade histórica.”

Eleições na Catalunha

As eleições na Catalunha, convertidas num referendo “de fato” sobre a soberania da região, terminaram com os partidos pró-independência obtendo maioria absoluta em deputados, mas falhando no objetivo de reunir mais da metade dos votos populares. Com quase 99% dos votos contabilizados, a principal plataforma pelo sim à independência, a Junts pel Si (Juntos pelo Sim, do presidente Artur Mas) conseguiu 62 deputados, a seis de conseguir sozinha a maioria absoluta. No entanto, o outro partido que defende uma declaração de independência, a CUP (Candidatura de Unidade Popular, de extrema esquerda), obteve dez deputados.

Os dois juntos poderiam aprovar uma declaração de independência no novo Parlamento catalão. No entanto, não é certo que isso ocorra, uma vez que a CUP sempre defendeu maioria popular e ambos os partidos não registaram mais do que 47,8% dos votos (os partidos contrários à esta via obtiveram 52,2% dos votos).

Por outro lado, a CUP já afirmou que não votará favoravelmente à eleição de Artur Mas como novo presidente regional (nas eleições na Espanha, o povo elege os deputados e esses depois votam no Parlamento para escolher o presidente regional, o que permite acordos pós-eleitorais).

Os líderes da Junts pel Si declararam-se triplamente vitoriosos, ao considerar que “ganhou o sim, em votos e assentos, ganhou a democracia” e ganhou a Catalunha porque se realizou um plebiscito sobre a independência.

Artur Mas (Convergência Democrática Catalana), Oriol Junqueras (Esquerra Republicana Catalana) e Raul Romeva – unidos na Junts – consideram ter obtido “um mandato claro” para avançar com a separação em relação à Espanha.

O restante dos partidos, com a exceção da CUP, considerara que Artur Mas perdeu o plebiscito, uma vez que a definição de vitória num referendo depende da obtenção de 50% dos votos mais um. Os partidos do “não” conseguiram mais cerca de 150 mil votos que o “sim”.

O grande vencedor da noite foi o partido Ciudadanos (uma formação que começou na Catalunha e que se tornou um emergente no âmbito nacional), pois o partido de Albert Rivera passou dos atuais nove deputados no Parlamento catalão para 25, com mais de 700 mil votos, e lançou avisos ao PP em Madrid de que terão de contar com ele para as eleições gerais.

Já o PP catalão perdeu oito deputados em relação a 2012 e, ao contrário de todos os outros partidos, o seu líder nem apareceu na noite das eleições, cabendo as declarações a um dos integrantes da cúpula popular.

O Podemos também classificou de “decepcionante” os resultados obtidos na Catalunha, mas considerou-se “um partido que apostou na responsabilidade” e lançou críticas a Artur Mas e ao presidente do governo central, Mariano Rajoy.

A noite eleitoral terminou com todos os lados fazendo leituras diferentes, os defensores do “sim” agitando bandeiras da Catalunha independente e cantando o Hino da Catalunha, enquanto o candidato da CUP se despedia do Estado espanhol, mas com poucas pistas sobre o que se poderá passar agora, quer nas negociações para constituir o Parlamento, nomeadamente o nome do possível presidente, quer sobre a existência de condições para avançar com o processo de independência.

*Com Agência Brasil


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