Governos demonstram simpatia por aproximação EUA-Cuba

A maioria dos governos do mundo que se manifestaram oficialmente sobre a aproximação entre Cuba e Estados Unidos demonstraram simpatia pelo anúncio feito nesta quarta-feira (17), quando o presidente dos EUA, Barack Obama, e o cubano Raúl Castro anunciaram a retomada de relações diplomáticas e o fim de outras pequenas restrições. Na América Latina, principalmente, o ato foi comemorado com efusão pelos governantes.

O mais significativo, talvez, tenha sido o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, aliado ideologicamente e economicamente com o governo cubano. Ele elogiou a atuação de Obama e comemorou a liberdade de prisioneiros cubanos nos EUA. “É preciso reconhecer o gesto de Barack Obama, sua coragem. É possivelmente o passo mais importante de sua presidência. Obama disse que não pode continuar insistindo em levar Cuba ao colapso”, disse ele. “É uma vitória de Fidel Castro e do povo cubano”, completou.

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A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, afirmou que a região está vivendo um “momento histórico” e parabenizou o governo cubano, por ter “defendido seus ideais” e “mantido a dignidade”, apesar do bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos há mais de meio século. Seu colega uruguaio, Pepe Mujica, disse que contribuiu com um “humilde grão de areia” para o restabelecimento das relações entre Cuba e Estados Unidos. Ele comparou o significado político da aproximação entre Obama e Raúl Castro com a queda do Muro de Berlim, mas na América Latina. “Acabou o bloqueio. É um passo positivo. Nisso tudo, o Uruguai contribuiu com seu humilde grão de areia, não mais, tentando ajudar uma política que estava congelada”, afirmou.

Pelo mundo, a China reagiu rapidamente ao anúncio do acordo. O país, que já foi alinhado com o governo cubano em décadas passadas, pediu o fim do embargo econômico dos EUA para com Cuba. “A China apoia a normalização dos laços diplomáticos entre os dois países. Acreditamos que os Estados Unidos suspenderão seu embargo sobre Cuba o mais rápido possível. Apreciamos nossa amizade com Cuba e, como sempre fazemos, seguiremos apoiando as decisões de Cuba sobre qual caminho seguirá para o seu desenvolvimento”, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Qin Gang.

Na Europa, além de algumas manifestações individuais de governos, a União Europeia se manifestou por meio da chefe de política externa do bloco, a italiana Federica Mogherini. “Hoje outro muro começou a cair”, disse ela. “Os direitos humanos permanecem no coração da política da UE para Cuba”, completou.

Brasil

Na Argentina, onde participa de uma reunião da Cúpula do Mercosul, Dilma Rousseff parabenizou os governos de Cuba e dos EUA pela reaproximação anunciada nesta quarta-feira (17). “Acredito que isso é um marco nas relações aqui da nossa região, mas, sobretudo, do mundo, porque eu acredito que a possibilidade de relacionamento, o fim do bloqueio, o fato de que Cuba tem, hoje, condições plenas de conviver na comunidade internacional é algo extremamente relevante para o povo cubano e, acredito, para toda a América Latina”, disse.

A presidenta brasileira também aproveitou para responder as críticas feitas durante a campanha presidencial sobre a construção do porto de Mariel, em Cuba, com financiamento do BNDES. “Algo que foi tão criticado durante a campanha [eleitoral], que foi o Porto de Mariel, mostra, hoje, a sua importância para toda a região e para o Brasil, na medida em que hoje o Porto de Mariel é estratégico pela sua proximidade com os Estados Unidos”, finalizou.


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