Quase 10 milhões de eleitores foram convocados para ir às urnas neste domingo (20) na Grécia para as eleições parlamentares. Nem o partido de esquerda Syriza, do ex-primeiro-ministro Alexis Tsipras, que procura uma relegitimação do mandato, nem o conservador Nova Democracia (ND), de Vangelis Meimarakis, conseguiram nas sondagens chegar perto dos 38% de votos necessários para conseguir uma maioria parlamentar 151 deputados.
As últimas sondagens colocavam o Syriza à frente do ND por margens pequenas, entre 0,7 e 3 pontos percentuais. As mesmas sondagens colocavam a percentual de eleitores indecisos entre 10% e 15% e o índice dos que afirmaram que não irão votar também em 10%, números que deixam em aberto o resultado da votação de hoje.
Estas eleições antecipadas foram convocadas na sequência da demissão de Alexis Tsipras do cargo de primeiro-ministro, em 20 de agosto, depois de perder uma parte da sua bancada parlamentar devido a uma cisão de 25 deputados da ala mais à esquerda do partido, quando o Parlamento grego aprovou um novo pacote de austeridade na tentativa de superar a crise no país.
A convocação de eleições antecipadas foi a estratégia escolhida por Tsipras para tentar relegitimar o seu mandato. O que preocupa os gregos é a vida mais dura que vão passar a ter com a aplicação a partir de outubro do novo pacote de austeridade, que inclui mais aumentos de impostos, exigido pelos credores em troca do terceiro resgate financeiro do país, no valor de 86 mil milhões de euros.
Os líderes dos dois partidos que disputam a vitória nas eleições legislativas antecipadas votaram durante a manhã em duas escolas da capital grega e deixaram mensagens de confiança, que contrastam com o ceticismo de eleitores.
“O povo vai dar o seu voto a um governo que vai dar luta, não só na Europa, como dentro do país, nos próximos quatro anos. Nós mostramos que podemos abrir caminhos, mesmo quando não existem”, disse Alexis Tsipras, depois de ter votado no bairro de Kypseli, na zona central de Atenas.
Tsipras chegou ao local de votação acompanhado por um grupo de militantes do partido e por vários seguranças. Ele afirmou que o povo “tem o futuro nas suas mãos” e abrirá o “caminho para uma nova era”, dando “um forte mandato para quatro anos” ao governo.
O líder do ND votou no bairro de Maroussi, na zona norte de Atenas. Depois de votar, Vangelis Meimarakis fez críticas ao partido rival, que esteve sete meses no poder, afirmando que “os gregos querem se ver livres de mentiras e trabalhar para um futuro melhor”.
O otimismo e confiança presentes no discurso político não encontraram correspondência no estado de espírito de alguns dos eleitores que votaram nas mesmas assembleias de voto que Tsipras e Meimarakis. “Cumpro o meu dever cívico de votar, mas não tenho qualquer esperança que estas eleições mudem realmente alguma coisa. Como todos, gostaria de ter um governo com estabilidade, mas é apenas isso, um desejo, não é uma expectativa”, disse Matina Poala, que votou momentos antes de Tsipras.
Athanasios é estudante e diz ter “expectativas muito limitadas” sobre a contribuição destas eleições para melhorar a situação da Grécia.“Nas anteriores eleições votamos para que houvesse mudança, e nada mudou. Agora duvido que alguma coisa mude também”, afirmou.
Na escola onde votou Meimarakis, a jovem Mariana disse que, “independentemente do resultado das eleições, pouco irá mudar”. “Apesar de não querer, provavelmente votarei outra vez no ano que vem”, acrescentou.
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