John Prescott, vice-primeiro-ministro do então premiê britânico Tony Blair, reconheceu que a guerra ao Iraque foi ilegal em uma coluna publicada na edição deste domingo (10) do “Sunday Mirror”, dias depois da divulgação do Relatório Chilcot sobre a participação britânica no conflito.
“Viverei com a decisão de ir à guerra e com suas catastróficas consequências pelo resto da minha vida”, escreveu Prescott, que em 2003 era o número dois de Blair, quando este decidiu envolver a Grã-Bretanha na invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos.
“Em 2004, o secretário-geral da ONU Kofi Annan disse que, posto que o objetivo principal da guerra do Iraque era a mudança de governo, a guerra era ilegal”, diz Prescott, que hoje é um membro da Câmara dos Lordes: “Com grande pena e raiva, hoje acredito que estava certo”.
Cerca de 150.000 iraquianos morreram nos seis anos que se seguiram à invasão de EUA e Reino Unido. O país está até hoje mergulhado no caos. As tropas britânicas perderam 179 soldados.
Na época, Blair alegou que o regime iraquiano dispunha de armas de destruição em massa, uma acusação que nunca foi comprovada. Depois da publicação do informe Chilcot, Blair se desculpou pelos erros cometidos durante o conflito. Ele insistiu, porém, em que ir à guerra era o correto a fazer e que o mundo é um lugar mais seguro sem o ditador Saddam Hussein.
Graças à guerra apoiada por Blair, hoje o Iraque é um país que vive em guerra civil. A região norte é controlada pelos curdos, e a área central está sob o domínio do Estado Islâmico, que já promoveu atentados em Paris, Bruxelas, Ancara e Beirute. A atuação do Estado Islâmico na Síria provocou uma emigração em massa que vem afetando todos os países europeus. Apesar dos resultados desastrosos da invasão, o ex-presidente norte-americano George W. Bush continua dizendo “que o mundo inteiro está melhor sem Saddam Hussein no poder”, declarou o porta-voz do ex-presidente.
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