“A legalização das drogas é o único caminho para tentarmos combater o aumento do narcotráfico”, afirma o escritor, roteirista, diretor e produtor mexicano Guillermo Arriaga, sobre o assassinato de 43 estudantes de uma escola rural da cidade de Ayotzinapa, província de Guerrero, no sul do México.
Arriaga diz que o governo mexicano precisa aceitar que a política adotada de combate às drogas fracassou e trouxe consequências terríveis para o país, como o aumento incontrolável da violência, a corrupção endêmica e centenas de mortes. “É inadmissível que o Estado continue desperdiçando recursos e principalmente vidas nesse equívoco que é a política de combate às drogas.” Os estudantes teriam sido mortos por um grupo de narcotraficantes, a pedido do prefeito da cidade, José Luis Abarca Velázquez – ele e a mulher estão presos.
De violência e morte, Arriaga parece entender: em todos os seus roteiros, livros e filmes, os temas estão presentes. Quando recebeu o convite para escrever e dirigir um dos episódios do filme Rio, Eu Te amo, ele tinha a intenção de contar uma história sem dramas e temas pesados. “Minha história acontece na Cidade do México e no Rio de Janeiro. Não tem favela, futebol nem Carnaval. Mas é um drama humano, mesmo eu tendo tido a intenção de criar uma história leve. Só que não tem jeito, sempre vou pelo lado da dor, da culpa, da violência, da droga. São minhas obsessões.”
Arriaga esteve no Brasil para apresentar Falando com os Deuses, longa coletivo com nove episódios (cada um dirigido por um cineasta), que trata de religiões, em breve nos cinemas. “É um filme que quer dialogar com todas as religiões e com as culturas que estão presentes nelas”, diz.
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