Quatro pessoas morreram e outras oito ficaram feridas – quatro em estado grave – nesta terça-feira (18) em uma sinagoga no bairro de Har Nof, em Jerusalém Ocidental, governada por Israel, depois de um ataque empreendido por dois homens com facas e machados. Segundo o porta-voz israelense Luba Samri, os assaltantes eram palestinos de Jerusalém Oriental. Eles morreram baleados em um confronto com a polícia local.
De acordo com o jornal israelense Haaretz, os quatro mortos eram judeus da sinagoga Kehilat Bnei Torah, em Jerusalém. Fotografias de agências de notícias divulgadas nesta terça-feira mostram rastros de sangue na parte interna da sinagoga, além dos corpos dos israelenses em um canto do edifício. A polícia israelense manteve o local fechado durante toda a manhã desta terça (horário de Brasília).
A imprensa internacional qualifica o atentado como o mais grave acontecido na cidade nos últimos anos. As mortes aconteceram alguns dias depois de um palestino ser encontrado enforcado em Jerusalém Oriental dentro do ônibus em que trabalhava como motorista. Órgãos palestinos acusam israelenses pelo crime e admitem que a emboscada desta terça-feira pode ser uma retaliação.
Segundo o relato do Haaretz, os dois palestinos entraram no início da manhã na sinagoga armados de facas e machados. Depois de atacar os primeiros fieis que encontraram no prédio, foram surpreendidos por dois policiais de trânsito de Jerusalém, que abriram fogo com os assaltantes. Em seguida, um terceiro policial chegou ao local e, na troca de tiros, ficou gravemente ferido. Após o ataque, manifestantes de extrema-direita fecharam a rua em frente ao local pedindo “morte aos árabes” e “vingança”. O prefeito de Jerusalém Ocidental, Nir Barkat, pediu aos israelenses para “não fazer as leis com as próprias mãos”.
Crise política
O atentado repercutiu imediatamente nas autoridades palestinas e israelenses. Ainda na manhã desta terça-feira, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, convocou, em caráter emergencial, uma reunião com o seu gabinete. Ele acusou o Hamas, organização governamental palestina, de incitar ataques violentos em Israel. “Este é um resultado direto do incitamento pelo Hamas e por Abu Mazen (Mahmoud Abbas), uma provocação que a comunidade internacional irresponsavelmente ignora. Vamos responder com mão firme a este brutal assassinato de judeus”, ameaçou.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, no entanto, criticou a iniciativa. “A Presidência condena o ataque a adoradores judaicos no seu local de oração e condena a morte de civis”, disse em nota.
BREAKING PHOTOS: Hamas terrorists celebration rally right now in Gaza calling on more terror attacks towards Israel. pic.twitter.com/0XDOTdp0qt
— Israel News Feed (@IsraelHatzolah) 18 novembro 2014
Os movimentos islâmicos palestinos Hamas e Jihad Islâmica comemoram o ataque, que consideraram tratar-se de uma reação natural aos crimes levados a cabo pelos ocupantes e colonos. De acordo com a agência de notícias Reuters, o Hamas comemorou o ataque por meio do porta-voz do grupo, Sami Abu Zuhri, que disse que “o Hamas abençoa a operação heroica em Jerusalém e a considera uma reação natural à execução do mártir Youssef Al-Ramouni e aos incessantes crimes cometidos pela ocupação israelense da mesquita Al-Aqsa. O Hamas conclama pela continuação das operações de vingança e reafirma que a ocupação israelense é responsável pelas tensões em Jerusalém por causa dos crimes corriqueiros cometidos pelos colonos.”
O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, classificou o ataque como “puro terror” e pediu que as entidades palestinas condenem o ataque.
Na semana passada, israelenses e palestinos decidiram adiar as negociações pelo cessar-fogo na Faixa de Gaza, que teve seu ápice em julho deste ano, quando Israel passou a atacar fortemente a Palestina. O conflito durou 50 dias e deixou cerca de 2.200 mortos palestinos e 70 vítimas israelenses.
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